Passei toda a vida me aprimorando na minha tarefa primeira de professora, estudando formalmente por quase todo o percurso, com objetivos bem definidos. Não consegui chegar ao término em perfeição, afinal o ser humano é um ser em constante construção, assim como aquilo para o qual se dedica também está sempre em contínua elaboração.
Porém, no momento em que decidi finalizar a minha profissão enquanto exercício regular, não abdiquei da minha tarefa de orientadora ou colaboradora para qualquer um que me procurasse para lhe acompanhar nos estudos ou no seu aprimoramento pessoal. Creio firmemente que todos nós necessitamos de apoio e um diálogo reflexivo com alguém que nos instigue a avaliar sobre nosso desempenho pessoal e profissional, para que possamos reencetar nosso caminho guiados por novos parâmetros.
Eu decidi me dedicar mais à minha constituição como ser integral e multidimensional, como ser interexistencial, e aí me deparei com o óbvio, não tinha instrumentos suficientes nem capacidades desenvolvidas que me permitissem vivenciar a realidade ampliada que reconhecia na minha existência.
Estou convicta de que devemos estreitar consideravelmente nossos vínculos com os planos dimensionais que nos cercam... a poucos centímetros estamos de outras realidades desconhecidas por nós, que só podem ser acessadas se aprimorarmos nossos veículos de manifestação, especialmente no que tange às energias comandadas por nossa mente.
Além disso, se temos dificuldades de reconhecimento e aceitação na convivência com diferenças no cotidiano, como poderíamos ter uma boa consideração dos seres que nos rodeiam e têm origens diferentes das nossas, ou ao menos ancestrais às nossas, sejam encarnados ou etéreos?
Há também o aspecto de que o maior número de informações e conhecimentos construídos reflexivamente nos permitirão criar referências de pensamento para identificar e reconhecer as novas realidades acessadas, afinal, como diz Cris de Paschoal do Grupo Kroon, aquilo que não se pode pensar não se pode ver, uma questão basicamente fenomenológica.
A minha dificuldade em escrever ultimamente está justamente nessa situação de estar tentando construir novos elementos que me permitam ser capaz em novas tarefas que exigem novos instrumentos. Por exemplo: não posso mais imaginar a educação de crianças, jovens e adultos sem pensar na condição holística de suas existências ecológicas no mundo visível e no entorno invisível. Não posso mais pensar apenas em políticas públicas para a educação, tenho que pensar em estender minha visão para os objetivos de desenvolvimento planetário em termos espirituais para todos e para cada um. Não consigo mais trabalhar apenas para colocar um jovem no mercado de trabalho sabendo que em jogo está a sua própria realização como alguém que tem que aprimorar sua condição de ser inteligente e integrante de um todo incomensurável.
Como calar sobre a realidade de que nossos queridos do coração que já partiram continuam a tentar se comunicar conosco e que muitos têm se dedicado a construir tais pontes de comunicação? Como trabalhar para um mundo com valores tao carcomidos e tão sem objetivos profundos e significativos para uma existência prévia à encarnação atual e a continuidade da vida após a dessoma dos corpos densos?
Eu não posso.
Agora, é encarar a realidade de que estou sem recursos para encetar novas tarefas, e esse é o meu objetivo para ter uma vida mais coerente, significativa e que esvaneça a separação entre o aqui e o aqui, que antes eram o aqui e o lá.
Minhas buscas têm caráter universalista e vão amealhando pequenos detalhes que eu componho como uma tessitura com a minha própria marca, meu próprio estilo. Não creio em fórmulas da felicidade, nem em extremistas atitudes de caráter religioso que pretendam substituir minha própria reflexão pessoal. Eu tenho que ser meu próprio construtor, com as ferramentas escolhidas por mim, num processo de contínua descoberta e de ressignificação de valores em situações similares, sempre em contato e relação com o outro que me dimensiona e retorna a imagem da minha efetiva intervenção no mundo.
Daí que busco novos instrumentos para a construção de novas capacidades nas religiões e na ciência, nos ensinamentos de avatares, na observação da minha própria reação ao ambiente e às pessoas do entorno, na cuidadosa atenção à mudança das minhas energias e dos focos de sua localização, na relação estreita entre meus pensamentos, meu humor e as minhas reações, nos efeitos da meditação, da oração e do trabalho com os chacras, nos sonhos e nas projeções semi-conscientes, na invocação dos vínculos com amparadores espirituais.
O Espiritismo, as filosofias religiosas ou não que se coadunem com o espiritualismo de vertente universalista cristã, aspectos da Teosofia, ufologia esotérica, projeciologia e conscienciologia, poesia e literatura, música e artes plásticas, são meus mananciais de estudo, tudo como um mosaico de partes superficialmente diferentes que compõem uma imagem única de fundo e que vão pouco a pouco revelando-se na linguagem de uma ciência que chega a passos largos a comprovar verdades divulgadas esotericamente até o século XIX e que daí em diante se tornaram abertas a todo aquele que se disponha a procurá-las.
Procuro criticamente relacionar as informações encontradas com as minhas próprias experiências pessoais, e o que encontro como identificação recorrente, uso para a construção paulatina de verdades provisórias. Emmanuel e André Luiz pela psicografia de Chico Xavier, Pietro Ubaldi, Parábolas do Evangelho de Jesus, falas de Divaldo Pereira Franco, Marlene Nobre, Carlos Baccelli, Cris De Paschoal do Grupo Kroon, Sonia Rinaldi, Waldo Vieira da Conscienciologia, Saulo Calderon do GVA, Monica de Medeiros e muitos outros, enfim, todo aquele que com seu grupo de estudos ofereça informações para serem abalizadas por mim, são minhas fontes de referências.
Minha referência constante é o filme Nosso Lar, no qual o personagem André Luiz penetra o mundo espiritual, após dessomado, sem qualidades e habilidades que lhe permitam dar continuidade a uma vida útil e colaborativa de aperfeiçoamento pessoal e associado. Uma das experiências mais importantes e fatais, como a morte, nos colocarão em contato com nossas imensas deficiências, para a qual a vida terrena deveria contribuir efetivamente. Perante um mundo de realidades mais complexas há que se ter uma mínima competência para ali veicular.
Creio firmemente quem sem essa agregação de novas experiências reflexivas de aprendizado, minha atual encarnação seria extremamente restrita ao atendimento às expectativas de um mundo meramente materialista, individualista e venal, distante das reais intenções de evolução e aperfeiçoamento do ser integral de que me constituo. A vida ordinária não nos permite construir os instrumentos fundamentais para o surgimento de novas capacidades que nos permitam ultrapassar os objetivos comuns, então, que eu e cada um assuma a tarefa exclusiva de se autoconstituir de maneira unica e original em comunhão com o fluxo de desenvolvimento e expansão dos universos.