mercoledì 5 novembre 2014

Um lugar luminoso para onde voltar

Ter a mente descontrolada é como guiar um carro em alta velocidade na estrada sem haver carta de habilitação, sem ter experiência prática e sem direção predefinida.
Pensamos de maneira natural achando isso a coisa mais normal do mundo, sem nos darmos conta de que os pensamentos que emitimos são pensados a partir de uma série de condicionamentos constituídos na resolução pregressa de problemas, seja na presente experiência dimensional ou em outras já vividas.
As formas e os conteúdos do pensar foram construídos em situações datadas e dentro de uma percepção limitada à nossa condição evolutiva de outrora. Porém, essas formas e conteúdos do pensar acabaram por constituir um padrão que nos escraviza, e se não estabelecermos um programa sistemático de questionar não apenas as ideias alheias, mas principalmente as nossas, não teremos a mínima condição de estabelecer uma ação crítica sobre o próprio pensar.
Estudar as crenças e valores que norteiam nossos pensamentos com criticidade e aporte de teorias oriundas de variadas fontes é adquirir a tal carta de habilitação; aplicar tais conhecimentos novos na análise das próprias ações norteadas pelos pensares é fazer o autoexame dos próprios pensamentos, é desenvolver a experiência prática no exercício de um pensar inteligentemente acionado, e não naturalmente mecanizado. A direção predefinida é o início, o meio e o fim... só quando nos damos conta do caos estabelecido no nosso pensar é que percebemos que vamos ao sabor das ondas, que estamos à mercê das circunstâncias; só aí é que nos percebemos sem direção; e no caminho de busca por entender melhor as formas e o conteúdo do nosso pensar é que vamos constituindo a direção, que a vamos escolhendo, ou melhor, talvez, é aí que a direção vai se desvelando como uma contradição, um destino escolhido, quase como uma verdade metafísica que só se revela na profunda experiência do mergulho do ser no fazer no mundo, na existência terrena.
Ao constituirmos um novo pensar acabamos por ter domínio de nossas próprias experiências e isso proporciona que a direção se revele nas relações que estabelecemos com nós próprios, com os outros, com o mundo, enfim, com a Vida.
No caos reconhecido encontraremos as sementes da ordem do pensar, não uma ordem limitadora mas um ordenar de liberação, um domínio de instrumentos inimaginados que nos permitam novas expressões sob novas crenças e novos valores.
Nao creio que a aquisição de um pensar mais consciente seja uma conquista perene e manifestada diuturnamente; creio no desejo de sobrevivência das velhas formas e dos velhos conteúdos que nos espreitam como seres animados a nos torturarem com promessas de sofrimentos, de culpas, de traumas, diminuindo a força da mudança em virtude do orgulho ferido, de um ego que urla na jaula do individualismo e da supremacia do egoísmo. Essas horas das dúvidas e dos inconformismos com a diferença são os estertores dos velhos pensares que precisamos, não matar, mas transmutar, fazer a alquimia do passado, aproveitando as antigas substâncias para a constituição de novos elementos mais adequados às novas formas e conteúdos do pensar.
A resposta mais adequada a esse embate do novo e do velho dentro do nosso pensar, ao meu ver, só pode ser dada pelo Amor, não falo dos sentimentos baratos que nomeamos amor, mas aquele senso de pertencimento no Todo, aquela empatia súbita com a alegria e as dores humanas e não humanas. O Amor é aquele lugar luminoso para onde voltar das refregas, das lutas, dos embates mentais que nos dilaceram, nos escravizam e nos torturam; o Amor é a metafísica última na sua única verdade do encontro do que há de Um em cada um e em todos ao mesmo tempo; o Amor é a única coisa que nos une, que nos pode unir, que nos pode iluminar e demonstrar a necessidade de novos pensares que sustentem a aproximação e a identificação na diferença.
Ter velhos pensamentos em confronto com novas realidades é que nos fazem sofrer; sinal de que precisamos rever as ideias para termos novas percepções sobre a realidade, e daí constituirmos novas crenças. Ao enfrentarmos com decisão o domínio de nosso pensar nos asseguramos de que temos um lugar luminoso para onde voltar: o olhar ansioso por atenção; as mãos abertas em súplica; os braços estendidos para o carinho, seja em qual dimensão for e com quaisquer que sejam os seres, sencientes ou não. Para esses lugares é que vamos quando nos despimos do pensar preconceituoso, preconcebido. 
Rever nossos pensamentos só pode nos enviar para um futuro-presente de Luz na comunhão dos diferentes que se fazem iguais na limpidez sem preconcepções. Rever conscientemente os pensamentos e suas formas é ter uma direção luminosa que só valide pensamentos que nos façam mais irmãos .