venerdì 2 agosto 2013

A dor e a delícia de ser o que sou

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é... a nossa maneira própria de manifestação na vida, no mundo, no nosso contexto de relação, revela nossas mazelas e nossas qualidades especiais... e sabemos exatamente o que promovemos de bem e de mal, à nos mesmos e aos nossos partilhantes de vida.
Em vários momentos da juventude tive que ouvir que só um psicólogo daria um jeito em mim... obviamente aqueles que proferiam esse argumento não me aguentavam mais... e eu pouco me aguentei por toda a vida consciente... resisti o que pude porque não podia nem imaginar que uma outra pessoa penetrasse no meu íntimo e me visse tal qual sou... como um outro ser humano, tão humanamente impregnado de problemas como qualquer outro poderia me ajudar????... de maneira contraditória, sempre me expus excessivamente deixando minha vida privada no imaginário dos meus expectadores, especialmente meus alunos e colegas de trabalho, além de familiares... mas porque eu sabia que expunha o que desejava, da maneira que eu queria e com intuitos muito claros para mim...
Um filho meu em idade muito tenra necessitou de acompanhamento psicológico e no momento que o diagnóstico sugeriu que eu fosse com toda a família para o divã eu enfureci, evidentemente não fui e nem incentivei a família a se encaminhar...
Quando esse mesmo filho voltou ao consultório psicológico na puberdade, aí fui novamente convocada e relutantemente compareci; resisti muito às intervenções reflexivas do profissional que a mim pareceu extremamente invasivo.
Ao terminar meu mestrado aos 36 anos, estava um caco, saturada de estresse, insatisfação e baixa auto estima. Já havia terminado filosofia aos 33 anos e muitas leituras e discussões reflexivas haviam forçado a fortaleza de preconceitos e temores, e aí, por uma questão de sobrevivência, acabei por procurar um auxílio psicológico. Não aguentei: ao tocar em questões difíceis de encarar, fugi desesperadamente e após seis meses já havia abandonado o tratamento.
Outro filho meu, quando da minha vinda para a Itália, resolveu buscar um atendimento psicológico para pensar melhor suas dificuldades pessoais bem como entender minha atitude de viver longe de tudo e de todos, cortando radicalmente os laços com uma vida anterior sólida e estruturada.
E eu, agora, com 49 anos, rendida pelo cenário da minha glória e destruição pessoal, resolvi finalmente me enfronhar em mim mesma. Tive total apoio dos meus filhos e do meu companheiro italiano.
Hoje estou no terceiro mês de uma psicoterapia por skype com um psicólogo brasileiro. Eu o escolhi segundo o critério para mim essencial: abertura para a dimensão espiritual do homem, reconhecimento da possibilidade da reencarnação do espírito, concepção do homem como ser multidimensional e aceitação de tratamentos alternativos e inovadores, tudo isso embasado em estudos e reflexões aprofundados.
Estou forçando a minha própria auto-observação, procurando móveis e alvos dos meus pensamentos, das minhas emoções e ações reativas. Enfrentando meus preconceitos sobre mim mesma e sobre os outros.
Diferentemente do que me diziam quando era jovem, "só um psicólogo pode dar um jeito em você", hoje sei que nenhum psicólogo pode dar um jeito em pessoa alguma. No máximo o profissional pode ser um companheiro de viagem, uma pessoa que lhe dê uns toques, que ilumine alguns pontos revelados por você por sua fala, seus trejeitos, suas crenças, suas emoções... Uma psicoterapia é um convite ao crescimento, à aceitação, compreensão e superação dos mecanismos de defesa, da prisão ao passado, da ansiedade pelo futuro... a psicoterapia tem me ajudado a focalizar o aqui e o agora em que me manifesto mental, emocional e fisicamente...
Saber a dor e a delícia de ser o que sou é o ponto de partida para entender melhor porque sou como sou, porque ajo e reajo mediante o confronto com o outro. Consciente dos mecanismos que se constituíram em hábitos de reação poderei reflexivamente repensar minhas crenças pessoais e fundadoras dos meus atos.
A vida continuará tal qual é, com problemas e dificuldades, mas se eu aprender novas maneiras de me manifestar eu reagirei diversamente com consciência e, com certeza, as dores e as delícias de ser quem eu sou serão apenas uma constatação e não um martírio.

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