A motivação para a escritura do presente texto proveio da leitura de um post de um brilhante ex-aluno no facebook ( https://www.facebook.com/rafael.delimaoliveira/posts/985044434855081?comment_id=985633368129521&offset=0&total_comments=8¬if_t=feed_comment_reply ) e a provocação de uma amiga e ex-aluna para que eu me manifestasse.
O texto da postagem discute a reformulação do currículo escolar brasileiro. O autor discorre de maneira crítica e profunda, e, entre suas várias colocações se manifesta favorável a um currículo não disciplinar, nominalmente se referindo à extinção das disciplinas filosofia e sociologia da grade do Ensino Médio.
Eu tenho fortes vínculos com a concepção deweyana de educação, e, portanto, creio na eficácia de um currículo baseado em experiências nascidas de projetos construídos por alunos com a orientação de professores. Creio firmemente que as experiências da Escola da Ponte e da Amorim Lima, bem como da Escola Laboratório de John Dewey, atestam a possibilidade real de se produzir educação de maneira legítima e firmemente calcada no interesse particular e associado de pessoas inteligentes que interagem no ato de ensinar-aprender, independente da existência de um currículo disciplinar.
O currículo escolar brasileiro é imenso em termos de disciplinas e de conteúdos, com privilégios em carga horária para algumas delas, além de haver uma forte direção legal para a orientação dos objetivos, habilidades e competências descritos como ideais para a formação do cidadão e o domínio dos conhecimentos universais, notadamente exagerados na expectativa que acaba sendo um ideal com pouca capacidade de alumiar o trabalho docente na realidade da sala de aula, seja pública ou privada.
Por força desse post eu me entreguei a reminiscências escolares e, de verdade, procurei elencar o que aprendi na escola. Minha educação formal proporcionou muito conhecimento interpessoal, aprendi muito acerca das relações humanas; a escola permitiu que eu conhecesse pessoas interessantíssimas que me apresentaram músicas e músicos, leituras inquietantes, possibilidades de trabalho, novas religiosidades, caminhos políticos e experiências de amor e liberdade. Entre as pessoas distingo muitos professores, bibliotecários e colegas dos bancos escolares. Meus horizontes foram alargados e pude entrever um mundo para além dos limites familiares. Encontrei pares e parceiros que sem a escola formal não teriam atravessado meu caminho e eu teria, com certeza, me estreitado entre os universos de meu bairro e do centro da cidade onde trabalhava em um escritório. Realmente o currículo disciplinar em si pouco me proporcionou em aprendizagem.
Os conhecimentos atinentes às disciplinas só se tornaram realmente conhecidos quando atrelados aos meus interesses específicos, às minhas experiências emocionais, quando atingiram profundamente meus desejos de me constituir como pessoa participante do mundo e como subjetividade que se reconhecia, pouco a pouco, como alguém que pensava de maneira particular e com lances de intersubjetividade, de possibilidades de comunicação com outros seres da mesma espécie, da mesma ou de outras culturas.
Penso que a construção do real se dá num diálogo crítico constante com o ideal. Assim o fizeram Dewey, Paulo Freire, Anísio Teixeira e Rubem Alves, os mais importantes no meu referencial teórico. Como teóricos tiveram o privilégio de construir concepções mais radicalmente posicionadas, numa ação de desconstrução do pensamento vigente com vigor, clareza e profundidade de argumentos apaixonados e iluminadores de novos caminhos; agiram como profetas que apontavam para novos mundos mais acolhedores para a inteligência humana.
Porém, os que tiveram que se imiscuir nas instituições educacionais organizadas, estabeleceram pontes entre a teoria e a prática convencional, afinal, no interior dos estabelecimentos de ensino e dos órgãos administrativos e de avaliação, militam pessoas das mais variadas tendências pedagógico-filosóficas. Para construir novas formas de educar dentro do estado de direito, dentro da sociedade organizada, foi necessária uma aproximação por fases adaptativas de ações intermediárias, afinal, teoria na cabeça de um pensador profissional não entra no dia-a-dia de um professor por osmose. A reconstruçao de um percurso de pensamento e de ação cotidiana não se faz por decreto, a não ser que se aja de forma autoritária, impingindo aos outros aquilo que foi esquematizado brilhantemente entre quatro paredes.
Seja por ação ideológica, por imposição burocrática ou por força física, não se convence ninguém a pensar e agir segundo a convicção alheia. Cada um age no limite entre o que pensa e o que querem que faça. Professores diariamente fazem um meio termo entre atender à orientações legais, determinações administrativas e sua própria concepção e filiação a determinada escola pedagógico-filosófica.
Eu gostaria de ver acontecer em massa a escola sem currículo disciplinar, mas quem saberia fazê-la? Quem saberia dirigir uma escola por projetos? Ou melhor, quantos a desejariam comigo? Na Escola da Ponte e na Amorim Lima as coisas aconteceram porque os educadores envolvidos acreditavam na proposta, estudaram e discutiram juntos, enfrentaram associadamente as dificuldades e o coro e o terrorismo burocrático dos " do contra". A escola sem currículo disciplinar só nascerá quando as pessoas da sociedade brasileira a desejarem, sejam leigos, educadores, políticos, intelectuais e a classe empresarial. Nao se formam homens fora da sociedade, nao há um mundo ideal onde se fazem pessoas; pessoas nascem do cotidiano, de um meio sócio-econômico, de uma cultura determinada, é tudo muito complexo para se resolver com o desejo de poucos.
A única alternativa que eu vejo é a construção de mais experiências com essas novas escolas, nascidas dos desejos de educadores que se encontram e se organizam para exigir do poder público o direito de viverem suas experiências de mudança. A multiplicação de experiências da visibilidade e legitimidade para as ideias e apaixonam muitos que à elas se associam e por elas lutam.
Tendo em vista o imaginário constituído por pais e professores, por representantes da política, da Academia e da economia, todos atrelados, conscientes ou inconscientes, aos interesses neoliberais, penso que é óbvio que não haja desejo em se constituir imediatamente uma escola realmente interessada em formar um indivíduo que pense com propriedade e autonomia consciencial. Entao, como alternativa mediata, defendo a manutenção das disciplinas nas escolas que não desejarem a experiência radical da liberdade curricular, estimulando espaços e tempos para o trabalho incessante de pensamento e construção de experiências verdadeiramente atreladas ao desejo de mudança dos interessados envolvidos.
Quanto a uma mudança radical que extinga o sistema curricular vigente, penso que seria simplesmente abrir mão de uma conquista histórica, especialmente para filosofia e sociologia. Não há professores e alunos ideais para trabalharem com filosofia e sociologia, e com disciplina alguma. Há pessoas reais envolvidas com políticas públicas e que lutam diariamente para encontrar caminhos de realizar seus sonhos dentro dos limites determinados pelas fontes do poder, sejam elas quais forem e emanadas das instâncias mais diversas.
Quanto à eterna crítica aos pedagogos... prefiro não me pronunciar, afinal sou formada em Pedagogia, curso que fiz com paixão, e onde nasceu meu profundo desejo de ter maior fundamentação filosófica para compreender o homem que eu desejaria formar, adequado à cosmovisão à qual me filiava. Da Pedagogia fui para a Filosofia e encontrei, no Mestrado, a possibilidade real de estabelecer um diálogo entre ambas, sendo a segunda forjada pelas experiências da primeira. Só porque os homens se preocuparam em pensar sobre o conhecer é que a Filosofia nasceu, e conhecer é conceito fundamental para a educação. A Pedagogia me permitiu não ficar restrita ao minarete da Filosofia de onde se proclamam maravilhosas ideias que não encontram diálogo com o homem comum que, lá embaixo, no lufa-lufa do dia-a-dia, escuta um ribombo incompreensível. E a Filosofia me permitiu não me entregar mecanicamente aos ditames burocráticos, às orientações legais e à técnica pedagógica sem críticas. Ela me fortaleceu no sentido de compreender mais profundamento o meu ato pedagógico. Mas fundamentalmente, a Filosofia provocou mudanças na minha maneira de ensinar, e a Pedagogia, vivida, me motivou a refletir sobre as concepções filosóficas e os limites de suas expressões.
Do ponto de vista lógico entendo que há uma máquina tecno-burocrática pedagógica em ação, mas há valorosos pedagogos que pensam e atuam de maneira crítica e inovadora.
Estou aposentada, não atualizada teoricamente, e não posso falar da prática das escolas pois, em quase quatro anos, muito já se transformou, mas não me furtei ao clamor da amiga que me instou a expressar minha opinião.
Ao meu brilhante ex-aluno, só posso agradecer sua fala por ela me proporcionar o exercício da reflexão, e digo à ele, especialmente, que seu discurso é um forte elemento daquilo que acredito: é no discurso e no diálogo críticos que nascem as inspirações para ações inovadoras e audaciosas.
venerdì 26 settembre 2014
giovedì 25 settembre 2014
Conversando sobre "morte".
Sábado passado soube da morte de uma tia minha, cunhada de meu pai, ao mesmo tempo que meu companheiro também perdia uma tia materna. Estou aqui há três anos e três meses e, nesse período, já ocorreu a morte de 20 pessoas de meu conhecimento, entre parentes, amigos e colegas, fora mais de cinco do conhecimento de meu companheiro, sem contabilizar os famosos e importantes para a coletividade.
Lembro de sempre conversar sobre o tema morte com minha falecida avó materna, ela vivia me perguntando se iria continuar viva, para onde iria, quem encontraria, como seria... e um dia, uma prima mineira, ao acompanhar nossa conversa, falou depois comigo que achava muito tétrico o papo, e eu disse à ela que pensava ser muito salutar, afinal o fenômeno da morte, até o presente momento, é evento inevitável, e é melhor tratar com tranquilidade acerca dele do que se desesperar ao enfrentá-lo.
Sempre dizia para minha avó que quando vamos viajar nos preparamos bem, nos informamos sobre o local para onde iremos, quais objetos devemos portar, com quem nos encontraremos, onde nos alojaremos, quanto devemos despender em tal aventura. Sabemos que poderemos encontrar imprevistos, mas, em geral, partimos com expectativas otimistas. Esse era meu argumento com ela para justificar a importância da conversa sobre o evento morrer. Já que é inevitável, deve-se, na minha opinião, versar sobre ele de forma coloquial e, ao mesmo tempo, profunda. Da mesma maneira que me preparo para viagens, me preocupo em estar mais habilitada para lidar com a minha morte e das pessoas com as quais tenho vínculos, e até mesmo com a morte de desconhecidos.
Parto do pressuposto de que nada morre ou desaparece no universo, de que toda matéria é energia, de que tudo se transforma, de que há ciclos de existência, daí que o que nomeamos morte é um evento de transformação, de finalização de um ciclo.
Aquilo que se expressa como vida humana tem um aspecto material visível, mas há também notadamente uma constituinte imponderável que imprime significado à nossa expressão no mundo. Esse aspecto imponderável que podemos chamar vulgarmente de alma, consciência, espírito, mente, é indestrutível após a morte do corpo físico, mas continua a expressar-se com identidade própria para além do alcance limitado de nossa dimensão material. Podem-se utilizar inúmeras citações religiosas e científicas, metafísicas e metacientíficas para fundamentar tal concepção de morte: budismo, hinduísmo, espiritismo, kabbalah, metapsíquica, teosofia, projeciologia, conscienciologia, estudos sobre parapsicologia, EQM (experiências de quase morte) e TCI (transcomunicação instrumental), tendo como suportes conhecimentos de física quântica, astrofísica, arqueoufologia, entre tantos outros.
Chavões como "a morte é um mistério", "dela ninguém voltou para informar coisa alguma", "ninguém voltou para dar sinal de vida", demonstram um desconhecimento dos construtos teóricos e práticos acima mencionados. Há inúmeros relatos de casos e experimentos cientificamente acompanhados que demonstram a continuidade da existência humana fora do corpo físico, em vida física e após o seu término. Claro que não me referi à uma ciência restrita aos cânones acadêmicos, mas à uma ciência holística e interdependente que dialoga sem escravizar-se às regras cartesianas, aos aspectos da linearidade, da repetibilidade mecânica de fenômenos controlados, os quais tem seu mérito em determinados contextos, mas sem validade universal para todos os eventos estudados.
Quando se fala em comprovação da vida após a morte física, pensa-se em termos de um sujeito cognoscente que se mantém, mesmo após "morto", cognoscível aos cognoscentes "vivos"; ou seja, quem morre continua aprendendo e pode ser apreendido pelos vivos, mas, em se tratando de uma inteligência ativa, deve-se depreender que ela é também sujeito de sua manifestação, e não apenas objeto de pesquisa como um rato de laboratório recluso em uma gaiola. Não se trata de uma pesquisa que pode pautar-se por cânones clássicos da ciência moderna, mas que deve se abrir para uma perspectiva holística do objeto estudado, inclusive com a interferência do objeto que se traduz como sujeito, como vemos especificamente na TCI, onde inteligências de pessoas, humanas e não humanas, colaboram e até mesmo induzem experiências científicas para o contato e o registro de suas manifestações, comprovando a existência de outros âmbitos para a vida consciencial, que não só a dita "vida humana terrena".
Não existem definições fechadas, verdades estabelecidas e nem descrições universalistas. As informações que se obtêm em tais estudos são diversificadas, e abrem imensas janelas para se vislumbrar uma infinidade de possibilidades de vida para além dos limites de nossas percepções físicas.
Conversar sobre tal tema abre espaços mentais, favorece a constituição de sinapses que permitirão a identificação de tais ideias como habituais, que serão base para a construção de novos conceitos e novas concepções sobre a morte, produzindo possibilidades de novos caminhos para a pesquisa pessoal e a profissional. Porões escuros e fechados produzem monstros imaginários e ali não entramos com medo de travar encontros com o desconhecido. Salas abertas, iluminadas e arejadas nos permitem identificar os elementos presentes e com eles travarmos contato. Assim são as conversas sobre a morte, são janelas que permitem vislumbrar novos horizontes que são descortinados por nós e, ao mesmo tempo, construídos por nós, como verdades provisórias que nos alentam e nos sustentam em nossas experiências de "perdas" nas várias fases da vida, aqui e além.
Lembro de sempre conversar sobre o tema morte com minha falecida avó materna, ela vivia me perguntando se iria continuar viva, para onde iria, quem encontraria, como seria... e um dia, uma prima mineira, ao acompanhar nossa conversa, falou depois comigo que achava muito tétrico o papo, e eu disse à ela que pensava ser muito salutar, afinal o fenômeno da morte, até o presente momento, é evento inevitável, e é melhor tratar com tranquilidade acerca dele do que se desesperar ao enfrentá-lo.
Sempre dizia para minha avó que quando vamos viajar nos preparamos bem, nos informamos sobre o local para onde iremos, quais objetos devemos portar, com quem nos encontraremos, onde nos alojaremos, quanto devemos despender em tal aventura. Sabemos que poderemos encontrar imprevistos, mas, em geral, partimos com expectativas otimistas. Esse era meu argumento com ela para justificar a importância da conversa sobre o evento morrer. Já que é inevitável, deve-se, na minha opinião, versar sobre ele de forma coloquial e, ao mesmo tempo, profunda. Da mesma maneira que me preparo para viagens, me preocupo em estar mais habilitada para lidar com a minha morte e das pessoas com as quais tenho vínculos, e até mesmo com a morte de desconhecidos.
Parto do pressuposto de que nada morre ou desaparece no universo, de que toda matéria é energia, de que tudo se transforma, de que há ciclos de existência, daí que o que nomeamos morte é um evento de transformação, de finalização de um ciclo.
Aquilo que se expressa como vida humana tem um aspecto material visível, mas há também notadamente uma constituinte imponderável que imprime significado à nossa expressão no mundo. Esse aspecto imponderável que podemos chamar vulgarmente de alma, consciência, espírito, mente, é indestrutível após a morte do corpo físico, mas continua a expressar-se com identidade própria para além do alcance limitado de nossa dimensão material. Podem-se utilizar inúmeras citações religiosas e científicas, metafísicas e metacientíficas para fundamentar tal concepção de morte: budismo, hinduísmo, espiritismo, kabbalah, metapsíquica, teosofia, projeciologia, conscienciologia, estudos sobre parapsicologia, EQM (experiências de quase morte) e TCI (transcomunicação instrumental), tendo como suportes conhecimentos de física quântica, astrofísica, arqueoufologia, entre tantos outros.
Chavões como "a morte é um mistério", "dela ninguém voltou para informar coisa alguma", "ninguém voltou para dar sinal de vida", demonstram um desconhecimento dos construtos teóricos e práticos acima mencionados. Há inúmeros relatos de casos e experimentos cientificamente acompanhados que demonstram a continuidade da existência humana fora do corpo físico, em vida física e após o seu término. Claro que não me referi à uma ciência restrita aos cânones acadêmicos, mas à uma ciência holística e interdependente que dialoga sem escravizar-se às regras cartesianas, aos aspectos da linearidade, da repetibilidade mecânica de fenômenos controlados, os quais tem seu mérito em determinados contextos, mas sem validade universal para todos os eventos estudados.
Quando se fala em comprovação da vida após a morte física, pensa-se em termos de um sujeito cognoscente que se mantém, mesmo após "morto", cognoscível aos cognoscentes "vivos"; ou seja, quem morre continua aprendendo e pode ser apreendido pelos vivos, mas, em se tratando de uma inteligência ativa, deve-se depreender que ela é também sujeito de sua manifestação, e não apenas objeto de pesquisa como um rato de laboratório recluso em uma gaiola. Não se trata de uma pesquisa que pode pautar-se por cânones clássicos da ciência moderna, mas que deve se abrir para uma perspectiva holística do objeto estudado, inclusive com a interferência do objeto que se traduz como sujeito, como vemos especificamente na TCI, onde inteligências de pessoas, humanas e não humanas, colaboram e até mesmo induzem experiências científicas para o contato e o registro de suas manifestações, comprovando a existência de outros âmbitos para a vida consciencial, que não só a dita "vida humana terrena".
Não existem definições fechadas, verdades estabelecidas e nem descrições universalistas. As informações que se obtêm em tais estudos são diversificadas, e abrem imensas janelas para se vislumbrar uma infinidade de possibilidades de vida para além dos limites de nossas percepções físicas.
Conversar sobre tal tema abre espaços mentais, favorece a constituição de sinapses que permitirão a identificação de tais ideias como habituais, que serão base para a construção de novos conceitos e novas concepções sobre a morte, produzindo possibilidades de novos caminhos para a pesquisa pessoal e a profissional. Porões escuros e fechados produzem monstros imaginários e ali não entramos com medo de travar encontros com o desconhecido. Salas abertas, iluminadas e arejadas nos permitem identificar os elementos presentes e com eles travarmos contato. Assim são as conversas sobre a morte, são janelas que permitem vislumbrar novos horizontes que são descortinados por nós e, ao mesmo tempo, construídos por nós, como verdades provisórias que nos alentam e nos sustentam em nossas experiências de "perdas" nas várias fases da vida, aqui e além.
mercoledì 24 settembre 2014
Superficialidade apontada é superficialidade não suplantada.
Há algum tempo atrás, num final de semana, fomos, eu, meu companheiro e seu filho mais novo, assistir uma fala de um monge budista tibetano, aqui próximo, em Gardone. Foi uma tarde memorável em que aprendi uma forma interessante de meditação com mobilização e exteriorização de energias, a qual pude complementar com meus parcos conhecimentos de Reiki.
Também apreciei as explicações do monge acerca dos conceitos de karma e dharma, porém, creio que a mais profunda aprendizagem adveio de uma intervenção do garoto, na ocasião com 14 anos, acerca de um comentário meu.
Tenho o grave hábito de julgar pessoas e situações, só atentando para minha leviandade depois de externar meus juízos. E, durante a palestra, eu apreendia as falas do monaco e as relacionava com meus conhecimentos anteriores, além de ter participado sinceramente do exercício meditativo com uma integração verdadeira com o movimento de energias na sala. Porém, ao largo de toda essa manifestação de espiritualidade elevada, eu, dos porões dos meus hábitos arraigados de tantas existências pregressas, também manifestava, em minha consciência, o registro da observação sobre o comportamento das pessoas, do espaço e das coisas dispostas, julgando tudo e todos.
Ao sairmos da palestra-meditação, como sempre, iniciei uma conversação com os meus dois companheiros sobre o que havíamos aprendido com a fala do monge e quais as impressões deles acerca do ambiente. Eles, como de hábito, deram opiniões monossilábicas, e eu, como boa geminiana, expressei todas as minhas ideias acerca do evento, e, para coroar meu exibicionismo, finalizei com o comentário acerca do excesso de cuidado das pessoas presentes com a aparência física, indumentária e a mise-en-scène frente ao monge, tudo muito longe do conteúdo de tudo que ali foi discutido, o que para mim indicava a superficialidade dos comportamentos.
O filho de meu companheiro, como sempre o faz, me calou fundo com um simples comentário - o que também meus filhos fazem constantemente - disse-me que, na verdade, aquelas pessoas, só por estarem ali, já estavam aprendendo algo, o que demonstrava que já estavam se abrindo para a fala do monaco e isso constituía um grande valor.
Incrível como esse italianinho que nada expressa em termos de conhecimentos religiosos, tem uma imensa religiosidade com a natureza e a humanidade, demonstrando sensibilidade e elevação moral, que eu, com todos os meus salamaleques de conhecimentos teóricos, mal sinto o cheiro, que dirá demonstrar em forma de comportamento.
Nossos comportamentos nos revelam e meus comentários dizem do que ainda vai de lixo nos porões da minha inconsciência.
Revendo esse episódio, lembrei também da fala de uma palestrante espírita, a qual relatou que foi criticada em um centro espírita, no sentido de que ela falava de humildade e se apresentava com jóias e roupas caras e elegantes. Ela disse do quanto já havia se despido dos excessos que seu meio sócio-econômico lhe haviam impingindo em sua educação, e que aquilo que a pessoa criticava já era seu momento de superação.
Julgar os outros é na verdade apontar nossos próprios defeitos ou nossas qualidades. Se aprovamos alguém é porque essa pessoa espelha o que gostamos em nós. Se desaprovamos alguém é porque essa pessoa espelha o que nos desagrada em nós mesmos.
Eu, ao julgar aquelas pessoas acerca de sua superficialidade, não observei que quem focalizava a superficialidade era eu mesma, que estava ainda tão preocupada com esse aspecto que ainda o observava; quando algo sai de nosso foco é porque já não faz parte de nossa agenda evolutiva. Se eu ainda me preocupo em observar a superficialidade, é porque eu a superei exteriormente mas ainda carrego seus fantasmas dentro de mim, das minhas identidades anteriores que ainda insistem em me arrastar para seus vícios e eu, na minha atual condição de exercício de simplicidade, ainda sinto seus apelos.
Também quem disse que se apresentar com elegância e beleza é um valor negativo? Chico Xavier dizia que o mundo já tem muitas coisas feias para que a gente ainda se apresente com desmazelo.
Enfim, nao é auto-martírio consciencial expressar todos esse percurso reflexivo, mas um auto-alerta pessoal, para eu dar mais atenção às ideias que rondam minha cabeça e que são reflexos de um passado que deve ser valorizado como aprendizado, mas descartado enquanto modos de resolução de problemas que não mais encontram utilidade na atual proposta de vida.
Ao invés de criticar aquelas pessoas como superficiais, eu poderia ter o pensamento similar ao do meu filho "adotivo", ter a generosidade de ver o esforço daqueles que se aproximam do exercício de desenvolvimento espiritual, independente de suas aparências.
Também apreciei as explicações do monge acerca dos conceitos de karma e dharma, porém, creio que a mais profunda aprendizagem adveio de uma intervenção do garoto, na ocasião com 14 anos, acerca de um comentário meu.
Tenho o grave hábito de julgar pessoas e situações, só atentando para minha leviandade depois de externar meus juízos. E, durante a palestra, eu apreendia as falas do monaco e as relacionava com meus conhecimentos anteriores, além de ter participado sinceramente do exercício meditativo com uma integração verdadeira com o movimento de energias na sala. Porém, ao largo de toda essa manifestação de espiritualidade elevada, eu, dos porões dos meus hábitos arraigados de tantas existências pregressas, também manifestava, em minha consciência, o registro da observação sobre o comportamento das pessoas, do espaço e das coisas dispostas, julgando tudo e todos.
Ao sairmos da palestra-meditação, como sempre, iniciei uma conversação com os meus dois companheiros sobre o que havíamos aprendido com a fala do monge e quais as impressões deles acerca do ambiente. Eles, como de hábito, deram opiniões monossilábicas, e eu, como boa geminiana, expressei todas as minhas ideias acerca do evento, e, para coroar meu exibicionismo, finalizei com o comentário acerca do excesso de cuidado das pessoas presentes com a aparência física, indumentária e a mise-en-scène frente ao monge, tudo muito longe do conteúdo de tudo que ali foi discutido, o que para mim indicava a superficialidade dos comportamentos.
O filho de meu companheiro, como sempre o faz, me calou fundo com um simples comentário - o que também meus filhos fazem constantemente - disse-me que, na verdade, aquelas pessoas, só por estarem ali, já estavam aprendendo algo, o que demonstrava que já estavam se abrindo para a fala do monaco e isso constituía um grande valor.
Incrível como esse italianinho que nada expressa em termos de conhecimentos religiosos, tem uma imensa religiosidade com a natureza e a humanidade, demonstrando sensibilidade e elevação moral, que eu, com todos os meus salamaleques de conhecimentos teóricos, mal sinto o cheiro, que dirá demonstrar em forma de comportamento.
Nossos comportamentos nos revelam e meus comentários dizem do que ainda vai de lixo nos porões da minha inconsciência.
Revendo esse episódio, lembrei também da fala de uma palestrante espírita, a qual relatou que foi criticada em um centro espírita, no sentido de que ela falava de humildade e se apresentava com jóias e roupas caras e elegantes. Ela disse do quanto já havia se despido dos excessos que seu meio sócio-econômico lhe haviam impingindo em sua educação, e que aquilo que a pessoa criticava já era seu momento de superação.
Julgar os outros é na verdade apontar nossos próprios defeitos ou nossas qualidades. Se aprovamos alguém é porque essa pessoa espelha o que gostamos em nós. Se desaprovamos alguém é porque essa pessoa espelha o que nos desagrada em nós mesmos.
Eu, ao julgar aquelas pessoas acerca de sua superficialidade, não observei que quem focalizava a superficialidade era eu mesma, que estava ainda tão preocupada com esse aspecto que ainda o observava; quando algo sai de nosso foco é porque já não faz parte de nossa agenda evolutiva. Se eu ainda me preocupo em observar a superficialidade, é porque eu a superei exteriormente mas ainda carrego seus fantasmas dentro de mim, das minhas identidades anteriores que ainda insistem em me arrastar para seus vícios e eu, na minha atual condição de exercício de simplicidade, ainda sinto seus apelos.
Também quem disse que se apresentar com elegância e beleza é um valor negativo? Chico Xavier dizia que o mundo já tem muitas coisas feias para que a gente ainda se apresente com desmazelo.
Enfim, nao é auto-martírio consciencial expressar todos esse percurso reflexivo, mas um auto-alerta pessoal, para eu dar mais atenção às ideias que rondam minha cabeça e que são reflexos de um passado que deve ser valorizado como aprendizado, mas descartado enquanto modos de resolução de problemas que não mais encontram utilidade na atual proposta de vida.
Ao invés de criticar aquelas pessoas como superficiais, eu poderia ter o pensamento similar ao do meu filho "adotivo", ter a generosidade de ver o esforço daqueles que se aproximam do exercício de desenvolvimento espiritual, independente de suas aparências.
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