lunedì 6 agosto 2012

De alma nua

Semana passada estava falando com meu filho pelo skype e comentava com ele sobre meus escritos do blog, sobre a quantidade e a origem de leitores, e dizia que ele estava sendo citado nos textos que poderiam ser acessados em vários locais por pessoas que desconhecíamos. Falei brincando mas ele ficou bravo comigo, e eu entendi. Quando professora, sempre dava exemplos em aulas a partir de vivências pessoais e casos familiares e ele ficava fulo da vida. Penso que só posso falar daquilo que conheço, daquilo que vivo, e não consigo exemplificar com casos fictícios, afinal a ficção é que copia a realidade, não o contrário. Já de pequenininha era apontada na escola como exibida, os coleguinhas reclamavam que eu sempre tinha um exemplo e algo a falar sobre qualquer coisa. Como diz minha médica homeopata, é um ego monstruoso rsrsrsr Ela fala com carinho, mas é sério.
Enfim, no dia seguinte à fala com Vladimir, fazendo leituras de blogs e outras coisas mais, encontrei um blog de um ex-aluno do curso de Jornalismo, Adriano, um daqueles que a gente não se esquece pela maturidade, empenho e alegria em aprender; e logo num dos primeiros textos postados, ele citava a minha pessoa, falava que gostava muito de minhas aulas, mas ficava perplexo com meu despudor em expor minhas experiências pessoais bem como casos familiares e detalhes da vida privada. Ele dizia que caso eu não fosse querida, aquelas informações poderiam ser usadas contra mim. E penso que esse é um dos motivos pelos quais as pessoas não se expõem, porque sabem ou pressentem que quanto mais alguém sabe sobre nós, mais argumentos têm para nos puxar tapetes ou agir contra nós em momentos oportunos.
Mas eu penso também que é hora de a gente mudar nossos paradigmas comportamentais. Eu prefiro ser autoreferente em meus textos como o fui sempre em minha vida, mesmo com os desgostos e dissabores que isso me trouxe em algumas poucas circunstâncias. Para construirmos um mundo de maior unidade entre os seres, precisamos estar mais próximos, estar mais claros, mais autênticos, menos em guarda, menos na defensiva. Eu já sou meio paranoica, sempre preocupada com possíveis ataques à minha pessoa nas pequenas coisas do cotidiano, e não quero que isso se estenda também para o âmbito profissional e do prazer de escrever.
Para mim a autenticidade implica em buscar o máximo de coerência entre o que pensamos, falamos e fazemos. Não se pense que é fácil, é um esforço constante e que exige muita atenção e tentativas de ajuste, muitas vezes infrutíferas. Meu companheiro diz que sou muito rigorosa, e realmente é assim, mas é que não dá para disperdiçar mais uma encarnação. Sou geminiana com ascendente em gêmeos, e no horóscopo esotérico há a indicação da necessidade de desenvolver mais amor, porque estudos e inteligência já o fiz em muitas vidas, agora é a hora de me humanizar, e uma forma viável é estar mais inteira e me entregar mais abertamente ao mundo, à vida, às pessoas. Sem máscaras, sem véus, sem nada; o que evidentemente também é um exercício constante, afinal não conhecemos suficientemente quem somos, é um aprendizado longo, e pouco a pouco é que vamos nos apresentando à nos mesmos.
Sempre fiquei estupefata com gente que esconde informações, que conta meias verdades, que cria grandes limites para que possamos conhecer seus pensamentos e experiências. Eu também tenho meus limites, gosto de estar sozinha ou apenas com as pessoas de casa, evito muitas saídas e, em verdade, estou pouco com outras pessoas; porém, quando estou com alguém, estou verdadeiramente ali. Talvez por isso mesmo evite ambientes muito cheios e barulhentos, porque ali as pessoas conversam mas não é lugar propício para se falar de coisas realmente significantes. Brinca-se, contam-se piadas, fala-se do tempo e de organizar novos encontros, mas questões de fundo existencial e de suma importância para a vida atemporal do ser são desconhecidas, descartadas e tidas por "chatas". Não é pra mim.
Digo aos meus meninos para não contarem coisas que estão em projetos ainda pouco viáveis para não desperdiçarem as energias mentais e de criação, mas depois de realizadas, e já suficientemente analisadas e compreendidas, elas são de grande importância para outras pessoas que podem querer passar pelos mesmos processos. Aqui é a comunicação, a tal da intersubjetividade, quando um ser consegue comunicar a outro por meio da identificação, da compreensão de significados, quando algo toca e estimula à transcendência de uma ideia ou situação, sugerindo novos pensamentos e atos.
Quando escrevo desejo sempre ser ao máximo exemplificadora para estabelecer humanidade em minhas ideias e, assim, poder estender uma mão que favoreça uma identificação ou a reflexão sobre uma possível divergência. Fazer pensar, fazer sentir, fazer agir, expondo a nudez da minha alma, naquilo que para mim também é o possível conhecido de mim mesma.

1 commento:

  1. Olá Márcinha! Adorei seu texto.
    Será que lembra de mim? Já faz algum tempo que tentava contato contigo, sem sucesso... então tive a ideia de perguntar ao brilhante Google, e eis que me deparei com esse Blog, e com essa publicação tão interessante e sensível. Não tive dúvidas: é a Marcinha.
    Sinto muita saudade! Você sempre foi uma dessas pessoas que que marcam a vida da gente só em poder observar, e apesar da correria, do relógio da vida e tantas coisas pra se resolver, eu nunca esqueci.
    Gostaria muito de poder conversar mais contigo... me escreve? O e-mail continua o mesmo: claudineiao@hotmail.com
    Beijos!
    Clau

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