A busca do equilibrio emocional, mental, intelectual, fisico, é um discurso que tenho prontinho na boca, sempre como frases de efeito e sermoes educativos, aos outros é claro; porque quando se trata de mim mesma, tudo cai por terra. A menor contraditoriedade me poe de cabelos em pé. Alguém que nao age como eu espero, uma formaçao mental nebulosa que recebo e/ou envio a alguém que me fala o que penso ser uma contrafeita, uma idéia discordante da minha que é proferida, a falta de exercicio ou o excesso de alimentaçao, qualquer coisa é capaz de abalar meu equilibrio, e ai, o que sucede é a observaçao de uma vida na corda bamba...
Ser o centro que observa o movimento em torno de si é um objetivo ha muito conhecido e ainda pouco praticado, ao menos por mim; é claro que se eu retornar 20 anos atras, era bem pior, e as mudanças que tenho como escopo se dao paulatinamente, num ritmo irritante...
Ter tranquilidade nos momentos de alegria ou nos de dor é nao se exaltar nem com o sucesso nem com o fracasso, sabendo que tudo passa, tudo é impermanencia, tudo é uma ilusao momentanea que obscurece o cenario mais amplo da existencia.
A dificuldade em estabelecer mudanças mais radicais em minha conduta ou forma de observar as reaçoes que os outros provocam em mim me faz lembrar de um aspecto do pensamento de Dewey. Uma experiencia reflexiva so é possivel na medida em que eu revejo minhas ideias fundantes, ou seja, minhas crenças, alicerçadas num passado de resoluçao de problemas por meios mais faceis e de alcance rapido de objetivos. Mas a realidade é dinamica e formas velhas de resolver as coisas ja nao funcionam porque eu acabo mudando por força das circunstancias e as situaçoes se redesenham, entao é um mundo que desmorona e a dificuldade de adaptaçao demonstra minha falta de inteligencia para enfrentar novas situaçoes. Nao se mudam ideias por meio de ideias, mas se mudam ideias por meio de açoes que interferem nas ideias justificadoras e/ou explicativas de minhas açoes.... é a praxis de Freire, a pratica interfere na teoria e, por conseguinte, a nova versao da teoria interferira na nova pratica.
Sem a clareza do processo, o que se da é um desconforto constante. A abertura para a mudança depende da assunçao da vida enquanto impermanencia, as coisas valem enquanto sao uteis para uma vida em aperfeiçoamento. Se com valores, teorias e atitudes velhas ja nao vivo em equilibrio e harmonia, é hora de rever crenças e açoes.
A dor é sinal de falta de coerencia entre o pensar e o agir, é motivadora para o reconhecimento da dificuldade e necessidade de acionar a inteligencia da adaptaçao por meio da experiencia reflexiva, ou da praxis.
A alegria é o estado momentaneo dos desafios cotidianos resolvidos provisoriamente.
Ter consciencia da impermanencia da dor e da alegria, bem como do processo de aperfeiçoamento de crenças e açoes, é caminho para uma vida de equilibrio... enfim, mais um belo discurso que devo, ainda que penosamente e com os passos similares a uma lumaca, empreender dinamicamente na minha caminhada.
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