mercoledì 30 maggio 2012

Resiliencia e fraternidade

Ao longo das minhas experiencias na vida cotidiana e na condiçao de professora, observei a capacidade que algumas pessoas tem de resistir à adversidades, nao tombando ou tirando dai fortes traumas, mas, ao contrario, saindo mais fortes, aprendendo grandes liçoes. Ao mesmo tempo em que transcendiam a situaçao e suas proprias formas de enfrentar dificuldades, ainda eram ponto de apoio para os demais que compartilhavam a situaçao desesperadora.
Manter esperança e saude mental quando tudo no entorno diz NAO! é condiçao para uma atitude resiliente. A resiliencia é uma das virtudes humanas que auxiliam a adaptaçao do individuo à situaçoes adversas. Ela pode se caracterizar pela propria atitude pessoal de otimismo e proatividade, e, ao mesmo tempo, se manifestar pelas condiçoes de amparo ofertado por pessoas ou grupos afins.
Eu penso que o exercicio da fraternidade praticado por grupos é possibilidade de criar situaçoes de resiliencia para pessoas que se sintam abandonadas, desanimadas, que nao vejam perspectivas de sucesso.
Observei inumeras vezes pessoas proximas que passaram por situaçoes similares e que reagiram de forma completamente diversa. Algumas ficaram marcadas profundamente pela morte de um parente, pela perda de um emprego, pelo revés financeiro, pelo desenvolvimento de uma doença incuravel, pela finalizaçao de um relacionamento amoroso. Outras, nas mesmas circunstancias, apos o impacto inicial da situaçao adversa, construiram mecanismos de sobrevivencia, continuaram suas atividades normalmente e se empenharam em ler os acontecimentos com positividade, vislumbrando significados mais profundos e mensagens educativas nos problemas que se apresentaram.
Uma das experiencias mais marcantes para mim foi a de professora-apoiadora. Desenvolvi uma atividade voluntaria em um dos cursos nos quais militei, tutorando alunos que necessitavam de um apoio mais intenso para enfrentar suas dificuldades no desenvolvimento dos estudos. E posso comparar as duas situaçoes nas quais atuei. Em ambas meu papel era o de auxiliar os alunos a perceberem, em seu cotidiano, perspectivas de tempo e espaço para o estudo, bem como auxilia-los a desenvolver simples técnicas de aprendizagem que fossem ferramentas para desempenho progressivo. Na primeira situaçao o aluno envolvido demonstrava muito interesse em superar suas dificuldades, aplicava as orientaçoes recebidas e empreendeu uma nova organizaçao de sua vida particular para atender às suas dificuldades intrinsecas. Ao mesmo tempo, o aluno se engajou num grupo de colegas que, por conta propria, desenvolviam estudos de aprofundamento em textos adotados pelos professores. Demonstrava sempre entusiasmo e agradecimento aos colegas pelo acolhimento no grupo de estudos. O segundo aluno reportado, ao receber as orientaçoes sobre organizaçao diaria para estudos, muito reticentemente as acatava ou aplicava. Quanto às orientaçoes técnicas nao as praticava alegando serem muito dificeis. Ao ser incentivado com palavras de encorajamento, sempre se excusava informando que a vida nao permitia esperança ou atitudes proativas. Nunca participou de grupos de estudos espontaneamente e, ao ser convidado pelos colegas, sempre respondia com a falta de tempo. Eu, como tutora de ambos, posso dizer que, objetivamente, as condiçoes reais de vida do primeiro eram infinitamente mais precarias que as do segundo, porém, se fosse ajuizar pelas percepçoes pessoais expressas, eu pensaria que o segundo passava por maiores dificuldades.
Creio firmemente que a atitude fraterna dos grupos e das pessoas que se empenham em criar novas e melhores condiçoes para os que necessitam desenvolver resiliencia, é fundamental, mas, ao mesmo tempo, tenho de reconhecer que sem a atitude intima otimista e proativa, é dificil encaminhar o  individuo para a transcendencia.
Ha um elemento de intersubjetividade para estabelecer a fraternidade. So ha correspondencia quando ha comunicaçao para aquilo que um enseja e o outro esta pronto ou disposto a vivenciar. Para novas condutas ha que se ter novos propositos, algo que se pode sugerir mas nunca impor. Ha um limite palpavel para a realizaçao da intençao resiliente quando a pessoa nao é resiliente ou nao é predisposta a se-lo; mas, apesar do limite, nao se deve abandonar a atitude de criar condiçoes de resiliencia, o que é proprio do trabalho do professor e, de maneira geral, proprio ao humano gregario e impulsionado à fraternidade.
Reconheço que em minha vida, quando eu agi resilientemente, enfrentei com mais tranquilidade momentos aparentemente insuperaveis; e, quando resisti de maneira nao adaptativa às mudanças, quando fui insistentemente pessimista e arredia às novas possibilidades, tudo se tornava mais intensamente triste e sem perspectivas de sobrevida.
Quando criei boas condiçoes e proferi palavras de incentivo, eu impulsionei parentes, amigos e alunos (se eram dispostos a transcendencia). Mas, quando eu fui autoritaria e tentei simplesmente adapta-los aos meus modos de ser e de entender o mundo, quando os maltratei e nao os animei a irem avante, eu os limitei e os fiz desistir de seus projetos, ao menos àqueles ainda pouco resilientes.
O que posso concluir com essa minha reflexao, é que temos grande responsabilidade com relaçao à construçao de nossa propria resiliencia e da criaçao de condiçoes para o desenvolvimento de resiliencia das pessoas que partilham nossa jornada.

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