venerdì 1 giugno 2012

A tragédia humana nos caminhos percorridos

A trajetoria de Odisseu me comove em dois aspectos, um como emblema da tragédia humana, ou seja, a condiçao dada ao homem de poder exercer o livre arbitrio e, ao mesmo tempo, ser dirigido em seu destino pelos deuses. O fado é tecido e interferido pela vontade arbitraria dos deuses e o homem, como joguete em suas maos, ou se limita a obedece-los, ou os arrosta, ainda que saiba que, ao final, vai ser subjugado pelos mesmos. O outro aspecto para mim relevante é o da viagem empreendida que tem como escopo maior nao o fim extrinseco, ou seja, a chegada ao término, mas a finalidade intrinseca ao proprio percurso. A viagem de Odisseu é o encontro consigo mesmo, o percurso é mais significativo do que o retorno à Itaca. Para mim, o retorno é apenas a paragem para projetar novos empreendimentos.
Estamos sempre entre duas possibilidades de interpretaçao, nossa vida é arquitetada previamente e é um script sem chance de ser reescrito,  ou é obra puramente de nossa açao e nosso envolvimento com o mundo? Na primeira podemos nos postar numa perspectiva metafisica religiosa ou filosofica, onde o homem tem uma finalidade e é constrito a realiza-la e o livre arbitrio é apenas a aquiescencia ou nao a tal imposiçao. A constituiçao biologica do homem ja o predispoe para uma determinada forma de interaçao com o mundo. A segunda possibilidade coloca o homem existencialmente como alguém historicamente dado mas com ferramentas para alterar conscientemente seu papel na construçao de causas e consequencias, sem pré-definiçoes ou determinismos absolutos, além de entende-lo como organismo construido em interaçao com o meio.
Eu penso numa via di mezzo, numa programaçao em longos planos que podem ser modificados em determinados pontos. Entendo que o ser inteligente tendo maior grau de consciencia de si proprio é chamado a opinar sobre a vida a ser construida. Nao havendo alcançado maior consciencia, acaba por ser encaminhado à vida por mecanismos vinculados às leis de causa e efeito, as quais o projetam segundo suas propria historia. De qualquer maneira, é sempre ele que dirige sua projeçao na vida, antes, durante e depois da experiencia carnal.
Penso que somos relativamente livres e temos o destino nao como fatalidade mas como um projeto, ou seja, um plano escrito que pode ser redesenhado, que pode ser redefinido a partir dos encontros e esbarroes que sofremos ao longo da vida. Penso que é como nossas promessas de final de ano, nossos projetos de exercicios, dieta alimentar, cumprimento de agenda, superaçao de dificuldades, controle dos gastos... prometemos muito e, ao final do novo ano, no balanço de perdas e danos, vemos que pouco ou nada realizamos. Talvez haja uma certa megalomania ao programarmos a vida e quando vamos realmente atualiza-la, do plano potencial para a planificaçao diaria, se verifica um hiato, uma distancia imensa.
Os caminhos que percorremos tem aspectos que lembram uma "forçada de barra" para que neles penetremos, mas também se apresentam como extremamente maleaveis à nossa intervençao. Muitas vezes revendo passagens de minha vida, observo que muitas decisoes foram realmente escolhas determinantes, como testes que se apresentavam, para onde ir, o que fazer, com quem partilhar. Lembro sempre do Professor Roberto Aurélio Manço quando ele nos apresentava uma escala de interesses que indicava a tendencia de nosso carater. Talvez as experiencias predefinidas e nossa forma livre de vivencia-las, a partir da aplicaçao do livre arbitrio, é que dao o significado às nossas vidas, pois ai vamos estruturando nosso carater com a aquisiçao de novas caracteristicas que o robustecem e, dai, poderemos projetar novas e mais interessantes vidas aqui ou em outros mundos e dimensoes.
A tragédia grega nao é so a marca do sofrimento de Odisseu mas também o arquétipo da conquista humana da sua propria constituiçao de ser em busca da construçao de si mesmo a partir dos caminhos que percorre, escolhidos ou nao.

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