venerdì 29 giugno 2012

Cici, uma luz em minha vida

Hoje me deu uma vontade de escrever sobre minha vo Cici, a mae da minha mae. Por muito tempo, talvez do final da infancia até quase 40 anos, Cici foi mitificada por mim numa grande adoraçao baseada na admiraçao de seus traços de carater, sua historia de vida e o carinho e o amor por ela a mim dedicados. Depois dos 40 eu passei a desmitifica-la e ama-la com mais profundidade em sua humanidade plena.
Recordo-me que em momentos cruciais de minha vida ela sempre era a referencia e a primeira a me dizer palavras de conforto e incentivo. Quando de uma cirurgia espiritual, em minha primeira gravidez, nas decisoes sobre trabalho e estudo, no momento de minha separaçao do pai dos meus filhos, na minha vinda para a Italia. Ela sempre se manifestava a partir de seu proprio ponto de vista e, apos isso, explanava sobre sua compreensao acerca de minhas escolhas demonstrando muita modernidade na sua apreensao do mundo e generosidade em aceitar confiante os caminhos por mim percorridos.
Cici nao estudou formalmente mas ainda assim demonstra grande sabedoria, claramente mais do que muitos que conheço e tem inumeros titulos academicos, posiçao social de destaque e situaçao financeira privilegiada. Sua origem é humilde, filha de lavradores de Minas Gerais. Nasceu no vilarejo de Cachoeira, distrito de Sao José da Lapa, à época pertencente à cidade de Vespasiano, uns 20km de Belo Horizonte. Estudou no sistema chamado Método Lancaster, introduzido no Brasil pelo Imperador no século XIX. Uma professora geria a escola, a secretariava e lecionava para todas as turmas de alunos com o auxilio dos alunos mais adiantados. Cici era uma delas. Poucos anos de estudo e muitos de trabalho junto à familia na lavoura e nos cuidados da casa e seus misteres.
Casada pela primeira vez continuou morando em Minas Gerais e, por um tempo, também em Sao Paulo nas imediaçoes de Presidente Prudente, onde nasceu minha mae. No retorno à Minas, em sua vida sempre sacrificada e de muitas dificuldades, ja com tres filhos (duas meninas e um menino) e um no ventre, veio a ficar viuva. Ela fazia de tudo, cozinhava, lavava, costurava, carpia, catava lenha, criava galinhas selvagens, e recebia restritos e modicos auxilios de algumas pessoas conhecidas, com pouquissimo apoio da familia. Perdeu os dois filhos meninos por falta de auxilio médico e por condiçoes limitadas para uma alimentaçao saudavel. Foi morar com parentas cegas de seu falecido marido e ali sua vida eram as filhas e o trabalho na roça e em moinhos.
Um irmao de seu cunhado, mineiro com vida em Santos, a pediu em casamento e a trouxe para o litoral paulista. Em Santos, morando em casa coletiva no bairro do Marapé, teve mais tres filhos (duas meninas e um menino). Seu marido adoeceu e ao falecer a deixou com os cinco filhos. Ela os criou com a parca pensao e o trabalho continuo como lavadeira, passadeira e arrumadeira de casas. Comprou com o auxilio de amigos uma pequena casa na Areia Branca, uma antiga area de avanço de aguas marinhas e invasao de terras, em um sistema de habitaçao popular, a Cohab. Ainda com todas as dificuldades, casadas as filhas do primeiro casamento, educou os mais novos em escolas publicas de alta qualidade e os introduziu em sistema de incentivo à educaçao e ao trabalho juvenil, como Camps e Patrulheiras. Os filhos que quiseram se desenvolver tiveram seu apoio e incentivo e percorreram caminhos de autonomia construindo vidas organizadas, honestas e interessantes.
Hoje Cici com quase 93 anos, esta cega, mora com uma denodada filha e é a grande matriarca da  familia. Muitos amigos e parentes a visitam e a tem como uma referencia de amor, paz, simpatia, amizade e vida dedicada ao trabalho de forma honesta.
De tudo que me marcou, com certeza o aspecto espiritual ressalta: rezadeira de mao cheia, benzia crianças e adultos por meio de sua imensa fé e amparo espiritual. Sempre em contato com os amigos desencarnados, recebia, e ainda recebe, noticias de suas passagens e de eventos imprevistos.
Adorava passar alguns dias de minhas férias escolares em sua casa, viver a sua cotidianidade. Comer seus doces de leite, doces de banana, bolos secos de maça, suas macarronadas e as famosas laranjadas com duas laranjas, uma imensidao de agua e muito açucar.
Sua vida doméstica organizada e tranquila, com limpeza e regularidade, com seu pequeno jardim e as pequenas delicias da cozinha sempre compuseram meu imaginario, o qual hoje tem dirigido a construçao de meus dias.
Quando tive que enfrentar dores fisicas e morais, dificuldades financeiras e situaçoes extremadas, ela sempre era a luz a me indicar possibilidades por meio de suas sabias palavras e o exemplo  de suas empreitadas.

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