giovedì 5 luglio 2012

Aprender-ensinar em continuum

"Mestre nao é quem ensina, mas quem de repente aprende". A famosa expressao de Joao Guimaraes Rosa é das mais citadas entre educadores e é prenhe de muitos possiveis significados.
Eu tenho uma mania muito peculiar de refletir a partir de frases de pensadores à minha maneira. Quando se trata de um contexto teorico tenho preocupaçao em evitar a deturpaçao das ideias dos autores; porém, quando se trata de usar uma frase na conta de inspiraçao, o faço com grande liberdade.
Existe uma grande ilusao baseada na dicotomia entre teoria e pratica e entre pensamento e açao. O desconhecimento da continuidade faz a gente separar os dois aspectos do movimento de continuidade. A gente aprende quando uma certa maneira de lidar com as coisas da certo ou nao. Registra a informaçao e dai em diante toma decisoes baseadas nos erros e acertos que se tornam automaticamente fontes teoricas; e, a partir das mesmas, empreendemos novas experiencias, vamos para a açao. Continuum, praxis dialética. Ajo em mim, ajo no mundo e o mundo age em mim.
O problema é quando a gente corta a continuidade e passa a apenas agir ou somente a teorizar. Muitas vezes cristalizamos a forma de intervir no mundo baseando-nos numa maneira antiga e aparentemente acertada de resolver as coisas. Outros repetem na açao ad aeternum uma forma aprendida empiricamente, ou seja, sem reflexao teorica, somente conquistada por meio dos sentidos.
O bacana é fazer um movimento equilibrado consciente, saber que o que eu penso interfere no que  eu faço e que o que eu faço modifica o que eu penso. Que o eu penso interfere no que os outros pensam e fazem, e vice versa.
Muitas pessoas que se propoem a ensinar muitas vezes esquecem, ou nao se dao conta, de que também aprendem, e, se aprendem, podem ensinar muito mais. O que nos aprimora é a consciencia do movimento continuo de aprender-ensinar. Ninguém aprende sem ensinar e ninguém ensina sem aprender. Um Dewey e um Paulo Freire basicos e que, com supremas maestrias, nos ensinaram o obvio que ninguém percebia.
Dispor-se a aprender nos capacita a poder partilhar com os outros novas formas de pensar e viver, o que se traduz como ensinar, seja em ambientes especificamente educacionais como escolas, ou em todas as situaçoes da vida humana, que é preponderantemente educativa. Em todos os momentos estamos em situaçoes de aprendizagem, estamos sempre aprendendo novas formas de viver e procurando partilhar as nossas conquistas com os outros, ou seja, ensinando.
Dificil é identificar quando passamos da medida, quando nao estamos dispostos a aprender coisa alguma e estamos no papel do incoveniente ensinador, o "sabe tudo" que a todos incomoda. Eu tenho uma caracteristica quase incontrolavel de querer ensinar sempre alguma coisa, além de sempre corrigir outrem. Ja estou "de saco cheio" e querendo modificar minha atitude, que, alias, é diametralmente oposta ao meu discurso teorico.
Creio firmemente que eu, e todos que querem se modificar, o podem fazer, mas também sei que é dificil. De qualquer maneira, eu nao desisto, hoje melhor que ontem, amanha melhor que hoje. Pouco a pouco a luta de incorporar em sentimentos e açoes o que ja se organizou em pensamento fundamentador. E, à medida em que transcender a situaçao atual, meus ideais se ampliarao e aprofundarao e, assim, eu serei a realizaçao continua da minha propria cosmovisao.
Na dificuldade em estar sempre atenta, eu me alimento com poesia, com literatura, com musica, com oraçoes, com meditaçao, rogo ao universo que os avatares todos, os seres com mais consciencia que eu, possam me auxiliar a me conhecer melhor, a manifestar a divindade que habita em mim, a realizar as virtudes divinas universais para que, como Rosa diz, possa manifestar o mestre que se constitui como tal porque aprende constantemente.

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