Meu companheiro esta com uma mostra de suas obras na Casa Paola Arte. No sitio angelo62.altervista.org ou na pagina facebook.com/galeazzi.angelo seu trabalho pode ser conferido. Eu o tenho acompanhado por muitas vezes nos periodos em que ele fica à disposiçao do possivel publico apreciador e/ou critico de arte. Aproveito para observar o comportamento das pessoas e refletir e conjecturar sobre a importancia da arte em suas, em nossas vidas.
Muitos se aproximam e ficam do lado de fora, observando através do vidro com olhos avidos mas uma certa timidez. Outros assomam à porta e, muito educadamente, pedem licença para entrar, evidenciando que nao reconhecem a galeria como um espaço publico de exposiçao e apreciaçao. Dentre os mais habituados, alguns entram e rapidamente dao uma passada de olhos e saem em silencio ou apenas agradecendo. Uns poucos se arvoram em tecer perguntas e comentarios, todos sempre muito inteligentes que fazem pensar e motivam uma exploraçao interessante por aspectos nunca antes aventados ou ainda confirmando hipoteses e intuiçoes nossas e deles mesmos.
Muitas crianças, da rua mesmo, expressam sua opiniao: "Bellissimo!" ao que as maes apressadas retrucam: "Andiamo, via, è ora della pappa!", dando um recado explicito aos filhos: a gente se alimenta de comida, mas de arte... Quando a mae esta distraida, a criança aventurosa adentra a galeria e passa, silenciosamente, a observar tudo, e, ao ser instada a um parecer, se comunica vivamente pelos olhos e com sorrisos... até que sua mae se da conta, entra no espaço, pede desculpas e retira a criança. Uma especialmente me encantou porque ela disse que também pinta, na escola e em casa, se reconheceu no mister do artista, permitiu que a obra estabelecesse uma intersubjetividade, ela, a obra e o artista, todos em comum. Pouquissimos pais entram com seus filhos, os quais demonstram a habitualidade de frequencia a tais lugares, ja que se locomovem livremente, por impulso proprio, observam e trocam olhares com seus acompanhantes.
Alguns casais que passam pela rua também chamam minha atençao. Em geral, observei rapazes que paravam frentre ao vidro e as acompanhantes lhes puxavam o braço. Uma especificamente, quando ele a instava a entrar disse "Non ho capito niente!" e nao aceitou o convite.
Dos que entraram e se manifestaram, muitos me comoveram com suas reflexoes expressas em formas de perguntas: "Qual a fome dos personagens?", "O que incomoda os personagens, qual sua angustia?", "Como liberta-los de suas prisoes?". Além das perquiriçoes técnicas acerca dos recursos de profundidade para o horizonte e sobre os elementos simbolicos como a presença de insetos.
A troca de informaçoes, o rememorar de periodos anteriores de convivencia em ambientes similares da arte, as impressoes que surpreendiam e as que demonstravam a cumplicidade do artista e seus apreciadores... Um casal muito concentrado na observaçao, ao ser perguntado se aceitavam tomar vinho e comer paes, muito rapidamente e com segurança, informaram: "Grazie, ma noi ci nutriamo dell'arte!", emocionante, nao?
Os artistas entao que vinham repetidamente analisar a técnica, conversar e partilhar, criavam um ambiente de fraternidade, de generosidade, de alegria na convivencia do estimular mutuo.
De tudo eu percebia sempre a importancia da arte como forma de expressao dos mais intimos incomodos e os mais profundos sentimentos por meio de recursos refletidos e criativamente construidos para a comunicaçao de nossos pensamentos da e na noosfera, como na concepçao de Teilhard de Chardin, considerando que estamos todos mergulhados em idéias, linguagens, teorias e conhecimentos formados pelo espírito, dos quais nos alimentamos.
Como dizem os Titas "a gente nao quer so comida, a gente quer comida, diversao e arte"! Um homem na sua constituiçao multidimensional e interexistencial possui muitos corpos e uma subjetividade que se manifesta mentalmente, emocionalmente, cognitivamente, numa unidade que talvez pudesse ser nomeada de alma. A interioridade do homem precisa de alimento tanto quanto seus varios corpos... de comida tridimensional ao prana universal, da motivaçao estética à criaçao de realidades simbolicas... tudo é a projeçao do homem que se ressignifica por meio de seus intrumentos de expressao, no caso aqui especifico, a arte.
Mas para que isso se de, é necessario formar o homem com juizo de gosto no dizer de Kant, ou o homem estético no pensar de Friedrich Schiller. A possibilidade da intersubjetividade, ou seja, a comunicaçao do humano em mim com o humano no outro, o reconhecimento de simbolos que comuniquem e permitam interpretaçao de significados entre o homem de genio, o artista, e o homem de gosto, o apreciador. O que os une, o que nos une, é a arte, alimento, guia e manifestaçao da alma.
Crianças, homens e mulheres, artistas e apreciadores, todos necessitamos urgentemente de vida empenhada no nosso proprio reconhecimento em humanidade o que demanda uma educaçao e uma convivialidade estéticas.
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