venerdì 1 marzo 2013

Eleições e democracia

A Itália acabou de passar pelo processo de eleições gerais em exercício de democracia.
Uma confusão danada se estabeleceu após os resultados, o que também já ocorreu várias vezes no  Brasil, em virtude de não haver maioria do legislativo da mesma linha política do executivo. Uma aparente ingovernabilidade.
Pra mim a democracia é justamente isso, todos diferentes e juntos para pensarem, planejarem e agirem sobre qualquer situação, seja religiosa, política, educacional, social, cultural, sei lá, qualquer coisa que importe para cada um dos cidadãos.
Eu tenho muito claro pra mim que democracia tem que ser vista segundo a concepção de John Dewey, de que democracia é questão de vivência diária com base biológica e inteligente, é alguma coisa que não se restringe ao exercício profissional da política.
Estou pensando no que acontece ali no horto do meu companheiro, ou no seu jardim. Cada forma de vida, seja animal, mineral ou vegetal, em confronto entre elas e com a ação humana. Há um equilíbrio de sobrevivência entre espécies diferentes que se atritam e daí criam um ecossistema funcional. Há uma inteligência instintiva que direciona o comportamento adaptativo de cada espécie ao contato com as demais e a inteligência consciente do horticultor que interfere diretamente nesse processo.
No geral se vê que é um embate de seres diferentes que devem viver em intenso contato e luta pela sobrevivência, alguns perdem mais e outros ganham mais, mas no geral todos vão em frente.
E eu vejo que é algo muito parecido nas sociedades humanas. Democracia é todos juntos focalizando um determinando problema e procurando uma solução comum que favoreça à todos com mínimos danos. Muitos grupos de visões diferentes se empenham na busca do poder para organizar as instituições econômicas, políticas, culturais, educacionais e sociais em geral, segundo seus propósitos e cosmovisões. Só que na democracia o grupo que alcança o poder não o fará de forma ditatorial e impositiva, mas terá que estabelecer alianças, acordos e fazer concessões, para articular com os interesses dos outros grupos também partilhantes do governo. O que é visto como perigo de ingovernabilidade eu vejo como oportunidade de se escutar vozes discordantes que forçarão a mudança de comportamentos usuais, desde que as novas caras do legislativo não se corrompam.
No caso específico que citei no início do texto, a eleição italiana de fevereiro de 2013, há quase um empate entre a esquerda e da direita e a emergência importante de um movimento, o Cinco Stelle, liderado por um cômico que foi, em dois anos, ocupando o espaço de praças públicas e via internet, agregando um número impressionante de cidadãos inconformados com a maneira tradicional de fazer política.
A primeira crítica é do movimento ser liderado por um cômico que não é político. Quer dizer, não é político do ponto de vista profissional, mas, como todo cidadão, ele é politico no sentido de que é alguém participante da sociedade e que tem todo o direito de se manifestar e exigir que os ditos políticos profissionais se comportem em prol do bem geral da sociedade, e não apenas segundo os interesses particulares de grupos econômicos e políticos.
Jean Jacques Rousseau ja discutia isso no Contrato Social e no Discurso sobre a Origem e o Fundamento da Desigualdade entre os Homens. O importante é buscar o bem de todos e não o bem particular. O bem geral está ligado às coisas fundamentais para as vidas humanas  e o bem particular relacionado aos interesses supérfluos de determinados grupos. Então, as pessoas em geral precisam se alimentar, se abrigar, criar produtiva e culturalmente, procriar,  cuidar da saúde, conviver solidariamente etc. Para isso é necessário um exercício político que ouça todos e direcione as arrecadações fiscais para prioritariamente garantir os direitos naturais e sociais de todos e de cada um. Mas ter muitos imóveis, se alimentar desmesuradamente, usufruir da cultura enquanto privilégio, educar seus filhos de maneira especial e segregacionista, só pode ser conquistado negando direitos, explorando o trabalho formal e o informal e direcionando verbas públicas para desejos particulares.
Então, modificar comportamentos pessoais no exercício profissional da política será fundamental para criar uma nova sociedade construída em bases democráticas.  e isso dependerá de se rever as bases de nossos pensamentos e ações, em que medida pensamos primeiro em nós e no nosso grupo e em que medida nossas escolhas atingem o geral da sociedade. Para isso todos têm que se manifestar, seja nas praças e nas infovias ou nas comunicações com o poder público, mas principalmente nas eleições, de maneira consciente e exigente.

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