giovedì 21 marzo 2013

Maranatha

Nunca li a Bíblia por inteiro. Quando adolescente iniciei em Gênesis e parei em Jó. Ainda no Antigo Testamento me encantei com os Salmos. Do Novo Testamento li Matheus por várias vezes ao longo da vida.
Mas agora, que não trabalho mais fora de casa e tenho mais tempo livre, reiniciei o Novo Testamento, lendo todos os evangelistas, Matheus, Marcos, Lucas e João, bem como os Atos dos Apóstolos e agora, finalizei as epístolas dos Atos dos Apóstolos.
Não leio como livro de revelações ou como palavra absoluta de Deus. Leio com o senso crítico histórico, considerando os autores em sua humanidade e em sua interexistencialidade com as várias dimensões e suas experiências com a espiritualidade. Creio que as interpretações dos autores são limitadas pela condição humana e pelas monoideias dos habitantes astrais com os quais tinham contato. Creio também que eu, como leitora, também interpreto o que tenho em mãos segundo as ideias que considero verdadeiras até o momento, tendo também minha leitura se modificado ao longo da vida.
Fui católica até os dezoito anos, batizada, crismada e tive até intenções de entrar para a Ordem Canossiana, mas por um apelo à vida material, por razões de discordância com os dogmas religiosos e, por iniciar leituras espiritualistas que respondiam melhor às minhas dúvidas e explicavam melhor fenômenos comuns na espiritualidade familiar, abandonei a Igreja Católica, mesmo a respeitando e trabalhando para instituições católicas por toda a vida, onde ainda mantenho muitos amigos fiéis.
Sempre tive uma grande admiração pela figura de Saulo de Tarso, abordado por Jesus, segundo ele, na estrada para Damasco. O encontro dele com o Mestre é de uma beleza indescritível, só quem já teve a sensação da presença escandalosa de Deus em sua vida (expressão de meu amigo João Vieira), pode dimensionar o impacto de tal encontro. O agora apóstolo Paulo de Tarso é a demonstração viva da transformação que uma experiência interexistencial promove no projeto de vida pessoal. Assim ninguém é mais o mesmo depois de uma viagem astral consciente (fala de Saulo Calderon), de visualizar uma materialização espiritual, de um contato com um extra-terrestre, e por aí vai. Assim ocorreu comigo quando mudei minha concepção de religiosidade, evidentemente que sem a radicalidade paulina. Muitas experiências espirituais e interexistenciais em minha vida também marcaram profundamente minha forma de ver, de sentir e de interpretar o mundo, sabendo eu que não tenho grandes e absolutas verdades mas apenas aquelas adstritas ao horizonte do meu conhecimento proveniente do reconhecimento dos meus erros e acertos, bem como de informações que logicamente vou concatenando e comparando com a experiência empírica racionalizada.
O problema que existia quando era católica e permanece agora, trinta anos depois, ainda é a distância entre minha compreensão e minha prática diária de vida, meu comportamento para comigo e para com os outros. Há um abismo que separa as minhas concepções sempre renovadas e a minha conduta em muito repetitiva.
Encontro auxílio em práticas diversas encontradas aqui e ali, o Evangelho no Lar aprendido no Espiritismo, a leitura da Bíblia do Catolicismo, a prática da meditação no Cristianismo Primitivo, a consciência das energias com a Projeciologia, a leitura constante de tudo que me instrumentalize para o autoconhecimento e a exploração da minha realidade interexistencial. Vale tudo para a gente se conectar com o universo, para estar mais perto da realidade multidimensional. Mal conhecemos o corpo físico e seu funcionamento, mal nos relacionamos em paz com nossos parceiros de vida, que dirá reconhecer os vários corpos e a penetração da mente em várias dimensões diversas e simultaneamente. Nosso cérebro não comporta tanto conhecimento, não registra as experiências fora do corpo físico de maneira clara e nossa capacidade de consciência geral é muito limitada.
O que se pode fazer é realizar práticas que nos habilitem pouco a pouco ao crescimento espiritual.
Lendo os Atos dos Apóstolos, encontrei uma citação de Paulo que se refere ao maranatha, o "vinde a mim Senhor", o mesmo mantra que aprendi com Laurence Freeman em um retiro espiritual na cidade de Vinhedo, em São Paulo.
O ma-ra-na-tha, praticado no silêncio interior do coração, me dá alguma paz e me faz conciliar a ideia de universalidade com a minha perspectiva particular de espiritualidade.
Quando pronuncio o mantra ma-ra-na-tha, penso na multiplicidade dos Senhores, quer seja Jesus, Krishna, Buda, Alá, Jeová, Deus... que para mim são representações do Bem, da Verdade, da Paz, do equilíbrio das energias em comunhão para o desenvolvimento de todos os seres dos universos, é a minha busca em participar da construção de uma inimaginável egrégora do Bem.
Naquele momento da meditação, é como se a frase que Paulo expressa em alguma das Epístolas, "não sou mais eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim", se realizasse por algum átimo no meu imo; quando a união em divindade é tal que se é numa situação atemporal e alocal.
Maranatha, vinde a mim Senhor, é buscar realizar a centelha divina dentro da vida de um eu inferior que deseja se realizar num Eu superior; é o fortalecer da tentativa de aproximar meu pensar do meu existir.

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