martedì 24 dicembre 2013

Bom Natal e Próspero Ano Novo de 2014! Buon Natale e Felice Anno Nuovo 2014!

Queridos e amados,


Feliz Natal e Próspero Ano Novo de 2014!
Meus desejos de paz, amor e equilíbrio harmonioso, para agora e sempre, estão expressos em muitas músicas do Beto Guedes.
Tudo que existe foi pensado, sentido, repetido... pensemos coisas novas e maravilhosas, sintamos em nossos corações os sinais de um mundo novo que, se pode ser sonhado, pode ser realizado.
Nao nos cansemos jamais da verdade e do amor...
Um doce beijo em seus doces corações.
Da companheira de viagens pelos evos que, em sua precária humanidade, os ama profundamente.
mh

Carissimi,

Buon Natale e Felice Anno Nuovo 2014!

I miei auguri di pace, amore e armonioso equilibrio, per ora e sempre, sono espressi in molte canzoni da Beto Guedes.

Tutto ciò che esiste è pensato, sentito, ripetuto ... pensare a cose nuove e meravigliose, sentiamo nei nostri cuori i segni di un mondo nuovo che, si può essere sognato, si può fare.

Non bisogna mai stancarsi di verità e di amore ...

Un bacio dolce sulle sue dolci cuori.

La sua compagna di viaggio da eoni che nella sua umanità precaria, li amano profondamente.
mh

venerdì 2 agosto 2013

A dor e a delícia de ser o que sou

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é... a nossa maneira própria de manifestação na vida, no mundo, no nosso contexto de relação, revela nossas mazelas e nossas qualidades especiais... e sabemos exatamente o que promovemos de bem e de mal, à nos mesmos e aos nossos partilhantes de vida.
Em vários momentos da juventude tive que ouvir que só um psicólogo daria um jeito em mim... obviamente aqueles que proferiam esse argumento não me aguentavam mais... e eu pouco me aguentei por toda a vida consciente... resisti o que pude porque não podia nem imaginar que uma outra pessoa penetrasse no meu íntimo e me visse tal qual sou... como um outro ser humano, tão humanamente impregnado de problemas como qualquer outro poderia me ajudar????... de maneira contraditória, sempre me expus excessivamente deixando minha vida privada no imaginário dos meus expectadores, especialmente meus alunos e colegas de trabalho, além de familiares... mas porque eu sabia que expunha o que desejava, da maneira que eu queria e com intuitos muito claros para mim...
Um filho meu em idade muito tenra necessitou de acompanhamento psicológico e no momento que o diagnóstico sugeriu que eu fosse com toda a família para o divã eu enfureci, evidentemente não fui e nem incentivei a família a se encaminhar...
Quando esse mesmo filho voltou ao consultório psicológico na puberdade, aí fui novamente convocada e relutantemente compareci; resisti muito às intervenções reflexivas do profissional que a mim pareceu extremamente invasivo.
Ao terminar meu mestrado aos 36 anos, estava um caco, saturada de estresse, insatisfação e baixa auto estima. Já havia terminado filosofia aos 33 anos e muitas leituras e discussões reflexivas haviam forçado a fortaleza de preconceitos e temores, e aí, por uma questão de sobrevivência, acabei por procurar um auxílio psicológico. Não aguentei: ao tocar em questões difíceis de encarar, fugi desesperadamente e após seis meses já havia abandonado o tratamento.
Outro filho meu, quando da minha vinda para a Itália, resolveu buscar um atendimento psicológico para pensar melhor suas dificuldades pessoais bem como entender minha atitude de viver longe de tudo e de todos, cortando radicalmente os laços com uma vida anterior sólida e estruturada.
E eu, agora, com 49 anos, rendida pelo cenário da minha glória e destruição pessoal, resolvi finalmente me enfronhar em mim mesma. Tive total apoio dos meus filhos e do meu companheiro italiano.
Hoje estou no terceiro mês de uma psicoterapia por skype com um psicólogo brasileiro. Eu o escolhi segundo o critério para mim essencial: abertura para a dimensão espiritual do homem, reconhecimento da possibilidade da reencarnação do espírito, concepção do homem como ser multidimensional e aceitação de tratamentos alternativos e inovadores, tudo isso embasado em estudos e reflexões aprofundados.
Estou forçando a minha própria auto-observação, procurando móveis e alvos dos meus pensamentos, das minhas emoções e ações reativas. Enfrentando meus preconceitos sobre mim mesma e sobre os outros.
Diferentemente do que me diziam quando era jovem, "só um psicólogo pode dar um jeito em você", hoje sei que nenhum psicólogo pode dar um jeito em pessoa alguma. No máximo o profissional pode ser um companheiro de viagem, uma pessoa que lhe dê uns toques, que ilumine alguns pontos revelados por você por sua fala, seus trejeitos, suas crenças, suas emoções... Uma psicoterapia é um convite ao crescimento, à aceitação, compreensão e superação dos mecanismos de defesa, da prisão ao passado, da ansiedade pelo futuro... a psicoterapia tem me ajudado a focalizar o aqui e o agora em que me manifesto mental, emocional e fisicamente...
Saber a dor e a delícia de ser o que sou é o ponto de partida para entender melhor porque sou como sou, porque ajo e reajo mediante o confronto com o outro. Consciente dos mecanismos que se constituíram em hábitos de reação poderei reflexivamente repensar minhas crenças pessoais e fundadoras dos meus atos.
A vida continuará tal qual é, com problemas e dificuldades, mas se eu aprender novas maneiras de me manifestar eu reagirei diversamente com consciência e, com certeza, as dores e as delícias de ser quem eu sou serão apenas uma constatação e não um martírio.

mercoledì 8 maggio 2013

Construção de novas capacidades e novos instrumentos

Passei toda a vida me aprimorando na minha tarefa primeira de professora, estudando formalmente por quase todo o percurso, com objetivos bem definidos. Não consegui chegar ao término em perfeição, afinal o ser humano é um ser em constante construção, assim como aquilo para o qual se dedica também está sempre em contínua elaboração.
Porém, no momento em que decidi finalizar a minha profissão enquanto exercício regular, não abdiquei da minha tarefa de orientadora ou colaboradora para qualquer um que me procurasse para lhe acompanhar nos estudos ou no seu aprimoramento pessoal. Creio firmemente que todos nós necessitamos de apoio e um diálogo reflexivo com alguém que nos instigue a avaliar sobre nosso desempenho pessoal e profissional, para que possamos reencetar nosso caminho guiados por novos parâmetros.
Eu decidi me dedicar mais à minha constituição como ser integral e multidimensional, como ser interexistencial, e aí me deparei com o óbvio, não tinha instrumentos suficientes nem capacidades desenvolvidas que me permitissem vivenciar a realidade ampliada que reconhecia na minha existência.
Estou convicta de que devemos estreitar consideravelmente nossos vínculos com os planos dimensionais que nos cercam... a poucos centímetros estamos de outras realidades desconhecidas por nós, que só podem ser acessadas se aprimorarmos nossos veículos de manifestação, especialmente no que tange às energias comandadas por nossa mente.
Além disso, se temos dificuldades de reconhecimento e aceitação na convivência com diferenças no cotidiano, como poderíamos ter uma boa consideração dos seres que nos rodeiam e têm origens diferentes das nossas, ou ao menos ancestrais às nossas, sejam encarnados ou etéreos?
Há também o aspecto de que o maior número de informações e conhecimentos construídos reflexivamente nos permitirão criar referências de pensamento para identificar e reconhecer as novas realidades acessadas, afinal, como diz Cris de Paschoal do Grupo Kroon, aquilo que não se pode pensar não se pode ver, uma questão basicamente fenomenológica.
A minha dificuldade em escrever ultimamente está justamente nessa situação de estar tentando construir novos elementos que me permitam ser capaz em novas tarefas que exigem novos instrumentos. Por exemplo: não posso mais imaginar a educação de crianças, jovens e adultos sem pensar na condição holística de suas existências ecológicas no mundo visível e no entorno invisível. Não posso mais pensar apenas em políticas públicas para a educação, tenho que pensar em estender minha visão para os objetivos de desenvolvimento planetário em termos espirituais para todos e para cada um. Não consigo mais trabalhar apenas para colocar um jovem no mercado de trabalho sabendo que em jogo está a sua própria realização como alguém que tem que aprimorar sua condição de ser inteligente e integrante de um todo incomensurável.
Como calar sobre a realidade de que nossos queridos do coração que já partiram continuam a tentar se comunicar conosco e que muitos têm se dedicado a construir tais pontes de comunicação? Como trabalhar para um mundo com valores tao carcomidos e tão sem objetivos profundos e significativos para uma existência prévia à encarnação atual e a continuidade da vida após a dessoma dos corpos densos?
Eu não posso.
Agora, é encarar a realidade de que estou sem recursos para encetar novas tarefas, e esse é o meu objetivo para ter uma vida mais coerente, significativa e que esvaneça a separação entre o aqui e o aqui, que antes eram o aqui e o lá.
Minhas buscas têm caráter universalista e vão amealhando pequenos detalhes que eu componho como uma tessitura com a minha própria marca, meu próprio estilo. Não creio em fórmulas da felicidade, nem em extremistas atitudes de caráter religioso que pretendam substituir minha própria reflexão pessoal. Eu tenho que ser meu próprio construtor, com as ferramentas escolhidas por mim, num processo de contínua descoberta e de ressignificação de valores em situações similares, sempre em contato e relação com o outro que me dimensiona e retorna a imagem da minha efetiva intervenção no mundo.
Daí que busco novos instrumentos para a construção de novas capacidades nas religiões e na ciência, nos ensinamentos de avatares, na observação da minha própria reação ao ambiente e às pessoas do entorno, na cuidadosa atenção à mudança das minhas energias e dos focos de sua localização, na relação estreita entre meus pensamentos, meu humor e as minhas reações, nos efeitos da meditação, da oração e do trabalho com os chacras, nos sonhos e nas projeções semi-conscientes, na invocação dos vínculos com amparadores espirituais.
O Espiritismo, as filosofias religiosas ou não que se coadunem com o espiritualismo de vertente universalista cristã, aspectos da Teosofia, ufologia esotérica, projeciologia e conscienciologia, poesia e literatura, música e artes plásticas, são meus mananciais de estudo, tudo como um mosaico de partes superficialmente diferentes que compõem uma imagem única de fundo e que vão pouco a pouco revelando-se na linguagem de uma ciência que chega a passos largos a comprovar verdades divulgadas esotericamente até o século XIX e que daí em diante se tornaram abertas a todo aquele que se disponha a procurá-las.
Procuro criticamente relacionar as informações encontradas com as minhas próprias experiências pessoais, e o que encontro como identificação recorrente, uso para a construção paulatina de verdades provisórias. Emmanuel e André Luiz pela psicografia de Chico Xavier, Pietro Ubaldi, Parábolas do Evangelho de Jesus, falas de Divaldo Pereira Franco, Marlene Nobre, Carlos Baccelli, Cris De Paschoal do Grupo Kroon, Sonia Rinaldi, Waldo Vieira da Conscienciologia, Saulo Calderon do GVA, Monica de Medeiros e muitos outros, enfim, todo aquele que com seu grupo de estudos ofereça informações para serem abalizadas por mim, são minhas fontes de referências.
Minha referência constante é o filme Nosso Lar, no qual o personagem André Luiz penetra o mundo espiritual, após dessomado, sem qualidades e habilidades que lhe permitam dar continuidade a uma vida útil e colaborativa de aperfeiçoamento pessoal e associado. Uma das experiências mais importantes e fatais, como a morte, nos colocarão em contato com nossas imensas deficiências, para a qual a vida terrena deveria contribuir efetivamente. Perante um mundo de realidades mais complexas há que se ter uma mínima competência para ali veicular.
Creio firmemente quem sem essa agregação de novas experiências reflexivas de aprendizado, minha atual encarnação seria extremamente restrita ao atendimento às expectativas de um mundo meramente materialista, individualista e venal, distante das reais intenções de evolução e aperfeiçoamento do ser integral de que me constituo. A vida ordinária não nos permite construir os instrumentos fundamentais para o surgimento de novas capacidades que nos permitam ultrapassar os objetivos comuns, então, que eu e cada um assuma a tarefa exclusiva de se autoconstituir de maneira unica e original em comunhão com o fluxo de desenvolvimento e expansão dos universos.

martedì 26 marzo 2013

Profeta de si mesmo

Li, há muito tempo atrás, um texto de Eduardo Galeano, A história é um profeta com o olhar voltado para trás. A ideia de Galeano se aproxima da concepção corrente de que a profecia fala de um tempo vindouro, porém, para ele, não se trata de adivinhação, mas de que a história não é um mero rememorar, um registro do que sucedeu, mas é o estudo cuidadoso do que sucedeu para apontar os caminhos que devemos seguir. A história não é a realização de um projeto externo à ação do homem, mas é a construção consciente de quem, sabendo das mazelas e conquistas, escolhe caminhos e estratégias. Ou seja, a profecia realiza aquilo que escolhemos. Então quem observa o futuro e indica possibilidades de acontecimentos, só os visualiza porque conhece os caminhos percorridos até então.
O futuro está em nossas mãos, então, visões deterministas que enfeixam o amanhã num prognóstico fechado, não me interessam. Creio, firmemente, que se conhecermos ao máximo nossa própria história pregressa, poderemos com mais segurança dar os próximos passos em nossa vidas. E nem precisa de regressão de memória, penso que basta observarmos nossa própria conduta, pensamentos e reações ao longo do tempo. Vou fazendo uma anamnese a partir dos relatos familiares, das fotografias de sempre, das minhas atitudes, das pequenas às grandes, tudo fala, grita, ecoa quem sou. E daí não é muito difícil profetizar o que sucederá adiante.
Uso também o recurso de mapa astral, taróloga e terapia psicológica, mas em verdade, eu mesma é que sou o meu melhor prescrutador. Tudo auxilia, desde que se queira realmente se conhecer.
As ideias que proferimos são como profecias, são o desejo mais íntimo do que gostaríamos de ser. Somos sempre melhores em nossas falas, em nossas defesas de ideais. Há uma distância considerável entre o que somos e o que queremos ser. Mas de qualquer maneira, profetizar sobre nós mesmos é uma oportunidade de idealizarmos um eu melhor, de projetarmos uma superação das limitações presentes, de acreditar que podemos avançar em progressão.
Penso que o profetizar deve ter uma ambivalência. Em análises calcadas nos nossos erros pregressos e nas indicações que o autoconhecimento permite, podemos nos visualizar no futuro com marcas e eventos péssimos e que nos depreciam, mas ao mesmo tempo, fortalecendo os aspectos bons e agradáveis, podemos programar um percurso que nos permita ir pouco a pouco transformando o que não atende ao nosso desejo em elementos de aprendizado sobre o que não fazer, o que evitar. Assim o erro adquire uma característica educativa, e se torna um grande aliado. Conhecer nossas mazelas nos fortalece para criar novas propostas de como nos conduzirmos na vida.
Profetizar nao é expressar determinismos, mas é apontar possibilidades, e se elas são negativas, o que temos a fazer é urgentemente empreender uma proposta de superação, de novas realizações. Por exemplo, se eu como desmesuradamente, se fumo, se bebo excessivamente, posso profetizar um futuro amargo em termos de saúde física, então, em vez de resignação, o que se pede é uma mudança radical no proceder com meu corpo.
Não é tarefa simples nem de alcance imediato, mas ser profeta de si mesmo talvez seja a grande tarefa de nós para conosco.


lunedì 25 marzo 2013

Guru, o dissipador de trevas ?

Assistindo alguns vídeos do Grupo Rama, associação que tem como meta a preparação para uma nova etapa de vida humana, encontrei em alguma fala a expressão acima, "guru, o dissipador de trevas", não como defesa da literalidade da frase, mas como uma crítica àqueles que esperam alguém que os guie para a iluminação.
Gurus, guias, mentores, ãao sempre importantes nas nossas vidas, desde que fiquem no seu papel de iluminadores de caminhos, que apontem possibilidades, que nos acompanhem na caminhada, mas sem fazer por nós o que nos cabe e sem nos poupar de nossas próprias escolhas equivocadas.
Como Krishnamurthy pregava a iluminação como um caminho pessoal e intransferível, eu também penso que a tarefa não pode ser partilhada; porém, se para alguns espiritualistas, a busca deve ser solitária eu penso que as muletas são necessárias até um certo ponto, até o momento em que já possamos seguir em frente com um conhecimento próprio e domínio da expressão do nosso próprio eu em consonância com o Eu Superior. Até lá, me desculpem os grandes pensadores espiritualistas que atribuem à pessoa a construção solitária do próprio caminho, independente de outras fontes de informação, mas penso que um guru, um guia, um mentor, é uma muleta inicial, uma verdade provisória que auxilie a dar os primeiros passos. Como uma criança que para se erguer se apóia nos móveis, nas pernas e nas mãos dos adultos. Depois, por si só, caminha segura definindo o próprio alvo.
A atitude correta, penso eu, é a de ouvir os mestres, considerar seus ensinamentos, mas no momento da judicação, da consideração da pertinência de suas palavras, abalizar as informações com nossas próprias experiências e ouvir a voz interna que nos faculta agregá-las ou não ao nosso proceder.
Percebo bem isso ao analisar meus percursos profissional e pessoal, em ambos tendo eu, em várias etapas da vida, a interferência de outras consciências em minhas escolhas e na constituição da manifestação do meu eu inferior, com minha anuência consciente dentro do espectro de lucidez que eu tinha no momento. Após tais influências densas cessarem e serem substituídas por outras, então mais fluidas, percebo que no transcorrer da vida no tempo, alguma liberdade mais ampla foi se manifestando, como alguém que tendo os movimentos comprometidos, esteve engessado, depois caminhou com muletas, e que ao final, bastaria uma mão segura que acompanhasse os passos. Visualizo para o meu futuro, um caminhar pessoal e livre, com pessoas para partilhar as experiências, mas não para realizar por mim a tarefa intransferível de autoiluminação.
Tenho em mente duas personagem sobre o entendimento da tarefa do guru.
A primeira é a Palas Athena da Odisséia de Homero, encaminhando Telêmaco para a vida, sem dizer o que fazer, mas sugerindo possibilidades, incutindo a fé em si mesmo e a força e a coragem de arrostar as dificuldades, a transcender a condição atual de dependência e limitação de horizontes, para a expansão da expressão do eu como alguém potente e inovador no próprio caminho.
A segunda coisa que me vem à mente, é o novo Papa, Francesco. Não sendo católica, a influência do Papa Bergoglio sobre mim não é fundamental, mas, tendo em consideração a quantidade de fiéis da Igreja Católica no planeta, vejo como importante a figura de um líder religioso que ofereça um novo paradigma de atuação e prática cristã para o homem contemporâneo. O gesto, a demonstração dos ideais dos quais é imbuído, valem mais do que discursos, ainda que sejam considerados importantes manifestos públicos de intenções e políticas. Apresentar uma conduta cristã que reforce a mensagem do Cristo: simplicidade, alegria, confiança, esperança e solidariedade.
Gurus, guias, mentores, são assim, pessoas que na sua forma de viver nos oferecem alternativas para repensarmos a condução de nossas vidas, sem que devamos segui-los cegamente ou reproduzirmos suas formas e maneiras de se posicionarem frente a vida. Essas figuras espiritualizadas que nos inspiram, deixam à todos estupefatos, justamente porque agem de maneira mais adequada às leis universais de solidariedade, de auxílio discreto, de felicidade interior. Fazem o que deveria ser normal, e, num mundo de desequilíbrios e desvios práticos dos ideais de Bem, Verdade, Justiça e Virtudes, são interpretados como excepcionais quando deveriam ser a regra.
Gurus, sao dissipadores de trevas? Sim e não. Sim porque iluminam veredas e nos fazem perceber que há algo de muito simples a ser feito e que nos parecia inexequível a um primeiro olhar. Mas não serão dissipadores de trevas se não estabelecermos uma mínima condição de intersubjetividade, ou seja, de comunicação em que algo que eles manifestem cale dentro de nós.
Sem gurus, muitos de nós não teríamos sequer vislumbrado uma nova forma de interpretar, de conceber a vida humana, e, com certeza, não devem ser endeusados nem cegamente seguidos, mas considerados na sua divina tarefa de nos reconectar conosco mesmos para a nossa própria autoiluminação.

giovedì 21 marzo 2013

Maranatha

Nunca li a Bíblia por inteiro. Quando adolescente iniciei em Gênesis e parei em Jó. Ainda no Antigo Testamento me encantei com os Salmos. Do Novo Testamento li Matheus por várias vezes ao longo da vida.
Mas agora, que não trabalho mais fora de casa e tenho mais tempo livre, reiniciei o Novo Testamento, lendo todos os evangelistas, Matheus, Marcos, Lucas e João, bem como os Atos dos Apóstolos e agora, finalizei as epístolas dos Atos dos Apóstolos.
Não leio como livro de revelações ou como palavra absoluta de Deus. Leio com o senso crítico histórico, considerando os autores em sua humanidade e em sua interexistencialidade com as várias dimensões e suas experiências com a espiritualidade. Creio que as interpretações dos autores são limitadas pela condição humana e pelas monoideias dos habitantes astrais com os quais tinham contato. Creio também que eu, como leitora, também interpreto o que tenho em mãos segundo as ideias que considero verdadeiras até o momento, tendo também minha leitura se modificado ao longo da vida.
Fui católica até os dezoito anos, batizada, crismada e tive até intenções de entrar para a Ordem Canossiana, mas por um apelo à vida material, por razões de discordância com os dogmas religiosos e, por iniciar leituras espiritualistas que respondiam melhor às minhas dúvidas e explicavam melhor fenômenos comuns na espiritualidade familiar, abandonei a Igreja Católica, mesmo a respeitando e trabalhando para instituições católicas por toda a vida, onde ainda mantenho muitos amigos fiéis.
Sempre tive uma grande admiração pela figura de Saulo de Tarso, abordado por Jesus, segundo ele, na estrada para Damasco. O encontro dele com o Mestre é de uma beleza indescritível, só quem já teve a sensação da presença escandalosa de Deus em sua vida (expressão de meu amigo João Vieira), pode dimensionar o impacto de tal encontro. O agora apóstolo Paulo de Tarso é a demonstração viva da transformação que uma experiência interexistencial promove no projeto de vida pessoal. Assim ninguém é mais o mesmo depois de uma viagem astral consciente (fala de Saulo Calderon), de visualizar uma materialização espiritual, de um contato com um extra-terrestre, e por aí vai. Assim ocorreu comigo quando mudei minha concepção de religiosidade, evidentemente que sem a radicalidade paulina. Muitas experiências espirituais e interexistenciais em minha vida também marcaram profundamente minha forma de ver, de sentir e de interpretar o mundo, sabendo eu que não tenho grandes e absolutas verdades mas apenas aquelas adstritas ao horizonte do meu conhecimento proveniente do reconhecimento dos meus erros e acertos, bem como de informações que logicamente vou concatenando e comparando com a experiência empírica racionalizada.
O problema que existia quando era católica e permanece agora, trinta anos depois, ainda é a distância entre minha compreensão e minha prática diária de vida, meu comportamento para comigo e para com os outros. Há um abismo que separa as minhas concepções sempre renovadas e a minha conduta em muito repetitiva.
Encontro auxílio em práticas diversas encontradas aqui e ali, o Evangelho no Lar aprendido no Espiritismo, a leitura da Bíblia do Catolicismo, a prática da meditação no Cristianismo Primitivo, a consciência das energias com a Projeciologia, a leitura constante de tudo que me instrumentalize para o autoconhecimento e a exploração da minha realidade interexistencial. Vale tudo para a gente se conectar com o universo, para estar mais perto da realidade multidimensional. Mal conhecemos o corpo físico e seu funcionamento, mal nos relacionamos em paz com nossos parceiros de vida, que dirá reconhecer os vários corpos e a penetração da mente em várias dimensões diversas e simultaneamente. Nosso cérebro não comporta tanto conhecimento, não registra as experiências fora do corpo físico de maneira clara e nossa capacidade de consciência geral é muito limitada.
O que se pode fazer é realizar práticas que nos habilitem pouco a pouco ao crescimento espiritual.
Lendo os Atos dos Apóstolos, encontrei uma citação de Paulo que se refere ao maranatha, o "vinde a mim Senhor", o mesmo mantra que aprendi com Laurence Freeman em um retiro espiritual na cidade de Vinhedo, em São Paulo.
O ma-ra-na-tha, praticado no silêncio interior do coração, me dá alguma paz e me faz conciliar a ideia de universalidade com a minha perspectiva particular de espiritualidade.
Quando pronuncio o mantra ma-ra-na-tha, penso na multiplicidade dos Senhores, quer seja Jesus, Krishna, Buda, Alá, Jeová, Deus... que para mim são representações do Bem, da Verdade, da Paz, do equilíbrio das energias em comunhão para o desenvolvimento de todos os seres dos universos, é a minha busca em participar da construção de uma inimaginável egrégora do Bem.
Naquele momento da meditação, é como se a frase que Paulo expressa em alguma das Epístolas, "não sou mais eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim", se realizasse por algum átimo no meu imo; quando a união em divindade é tal que se é numa situação atemporal e alocal.
Maranatha, vinde a mim Senhor, é buscar realizar a centelha divina dentro da vida de um eu inferior que deseja se realizar num Eu superior; é o fortalecer da tentativa de aproximar meu pensar do meu existir.

domenica 3 marzo 2013

Inefável é a Verdade

A verdade das coisas é incomunicável, é inefável, uma ideia proferida por Carlo Dorofatti, não me lembro se exatamente assim, mas com esse sentido.
A gente pode se esforçar imensamente e, como num processo de alethea, ir des-velando a Verdade. De um ponto de vista metafísico existe uma Verdade única, universal e pré-existente à nossa experiência pessoal. De um ponto de vista relativista existem inúmeras verdades constituídas pelos sujeitos que as elaboram, as experienciam. Mas ambas possuem a barreira intransponível da comunicação. Claramente impossível dizer exatamente aquilo que se considera a Verdade ou cada uma das verdades.
Muito difícil saber qual o significado que um indivíduo atribui a um conceito, tanto daquele que o constrói com consciência como daquele que o faz por impulso da forma de conhecer própria da espécie humana.
Um dos grandes problemas humanos é exatamente a linguagem, as dificuldades que temos cotidianamente de expressarmos a outrem o que sentimos e o que pensamos. Sempre o empecilho de que aquilo que proferimos com o sentido que empregamos dificilmente é entendido tal e qual pensamos. Em geral a outra pessoa entende o que dizemos mediante os conceitos construídos e albergados por ela e que muitas vezes não coincidem com os nossos.
É um tema complicado pra gente pensar e partilhar é o da morte. As crenças pessoais e grupais constituídas como verdades não nos permitem acessar o fenômeno da morte de maneira isenta. Toda visão, toda concepção é o meio de interpretação do fenômeno.
Minha avó materna, Cici, despediu-se dos corpos físicos, densos, e agora habita uma região diferente da nossa, em uma dimensão inacessível ainda para a tecnologia de nossos corpos. E mesmo que alguém a acesse e permita a comunicação, seja por meio da mediunidade psicofônica, da psicografia, da clarividência, da projeção astral ou da TCI (transcomunicação instrumental por meio de áudios, fotografias e imagens em movimento, via computador, rádio, tv, telefone), ainda assim a interpretação que faremos das informações será passada pelo filtro, pelos óculos da nossa cosmovisão, particular e ao mesmo tempo partilhada num grupo, seja de cunho religioso, exotérico ou científico.
Tenho observado o fenômeno da morte e suas consequências nos comportamentos dos familiares e amigos. As famílias expressam os paradigmas pelos quais conduzem suas vidas de maneira veemente quando um parente ou alguém próximo morre, dessoma, desencarna.
Há os desesperados em sua tristeza que se sentem revoltados, abandonados, desrespeitados e injustiçados; há os de uma discreta tristeza que se portam tranquilos, solidários, esperançosos e compreensivos. De um grupo ao outro há uma infinita gama de variações, mas em geral, é essa a classificação que faço por observação.
Tanto num grupo como no outro há de fundo uma concepção de sentido da vida humana nesse mundo, há uma maneira de vivenciar as emoções e os vínculos afetivos. De qualquer maneira, ao conversar individualmente com os participantes de ambos os grupos, cada um tem, dentro de um paradigma geral, sua visão particular, sua compreensão do fenômeno, sua explicação para o que sucedeu e sucederá ao "morto".
Não creio que alguém possua a resposta melhor, mais adequada porque cada um constrói e acessa um nível de informações, por meios muito diferentes e com orientações muito divergentes. No final, parece que mesmo com algum acompanhamento, o caminho é solitário, a busca é pessoal e a verdade que vamos constituindo é algo que vige entre o interior e o exterior. Nossa tentativa é de organizar tudo dentro de nós para atribuirmos senso à vida e ao mundo, às nossas relações ditosas ou amargas com as pessoas, mas é sempre um exercício muito particular.
O que me parece é que na busca incessante, mais panoramas vão sendo descortinados e apresentados horizontes mais amplos; enquanto aquele indivíduo que não questiona, não se empenha numa reflexão séria e continuada, fica atado a uma concepção que não o liberta, não o acalenta, não o impulsiona para novas qualidades em suas relações e ideias.
Pessoa alguma, ao meu ver, dentro do meu espectro de conhecimento, tem uma verdade acabada que me sirva, mas ao longo da vida, no evolver das concepções que albergo, vejo mais sentido em coisas nas quais creio hoje e que ontem ignorava.
Penso que se existe a Verdade, ela não será dita mas vivida, será um estado e não um discurso. Para mim as verdades são os discursos explicadores e divulgadores das nossas concepções e de nossos grupos, são proferidos e nós tentamos aplicá-los como guias de nossas ações e das ações alheias.
Talvez a observação faça mais pelo vislumbre da Verdade do que inúmeros discursos de verdades.
Enfim, falamos demais e vivemos de menos. Nossas vidas se restringem aos nossos discursos incompreensíveis e incompreendidos, e assim impedimos que a Verdade inefável se manifeste enquanto essência da Vida.
A morte é um tema especial para pensar a inefabilidade da Verdade, já que cada um se aproxima dela segundo as concepções de suas vivências e ninguém pode ser assertivo quanto à uma explicação cabal. Mas é inegável também que é um tema importante para abrir espaço para rever velhas crenças e forjar novas concepções que nos façam sentir mais próximos de um sentido universal.
A morte da Cici foi uma grande oportunidade para todos exercitarmos comportamentos segundo nossas crenças e observarmos os comportamentos alheios. Com certeza, a morte da Cici fez todos se perguntarem sobre a Verdade do sentido da vida.



venerdì 1 marzo 2013

Eleições e democracia

A Itália acabou de passar pelo processo de eleições gerais em exercício de democracia.
Uma confusão danada se estabeleceu após os resultados, o que também já ocorreu várias vezes no  Brasil, em virtude de não haver maioria do legislativo da mesma linha política do executivo. Uma aparente ingovernabilidade.
Pra mim a democracia é justamente isso, todos diferentes e juntos para pensarem, planejarem e agirem sobre qualquer situação, seja religiosa, política, educacional, social, cultural, sei lá, qualquer coisa que importe para cada um dos cidadãos.
Eu tenho muito claro pra mim que democracia tem que ser vista segundo a concepção de John Dewey, de que democracia é questão de vivência diária com base biológica e inteligente, é alguma coisa que não se restringe ao exercício profissional da política.
Estou pensando no que acontece ali no horto do meu companheiro, ou no seu jardim. Cada forma de vida, seja animal, mineral ou vegetal, em confronto entre elas e com a ação humana. Há um equilíbrio de sobrevivência entre espécies diferentes que se atritam e daí criam um ecossistema funcional. Há uma inteligência instintiva que direciona o comportamento adaptativo de cada espécie ao contato com as demais e a inteligência consciente do horticultor que interfere diretamente nesse processo.
No geral se vê que é um embate de seres diferentes que devem viver em intenso contato e luta pela sobrevivência, alguns perdem mais e outros ganham mais, mas no geral todos vão em frente.
E eu vejo que é algo muito parecido nas sociedades humanas. Democracia é todos juntos focalizando um determinando problema e procurando uma solução comum que favoreça à todos com mínimos danos. Muitos grupos de visões diferentes se empenham na busca do poder para organizar as instituições econômicas, políticas, culturais, educacionais e sociais em geral, segundo seus propósitos e cosmovisões. Só que na democracia o grupo que alcança o poder não o fará de forma ditatorial e impositiva, mas terá que estabelecer alianças, acordos e fazer concessões, para articular com os interesses dos outros grupos também partilhantes do governo. O que é visto como perigo de ingovernabilidade eu vejo como oportunidade de se escutar vozes discordantes que forçarão a mudança de comportamentos usuais, desde que as novas caras do legislativo não se corrompam.
No caso específico que citei no início do texto, a eleição italiana de fevereiro de 2013, há quase um empate entre a esquerda e da direita e a emergência importante de um movimento, o Cinco Stelle, liderado por um cômico que foi, em dois anos, ocupando o espaço de praças públicas e via internet, agregando um número impressionante de cidadãos inconformados com a maneira tradicional de fazer política.
A primeira crítica é do movimento ser liderado por um cômico que não é político. Quer dizer, não é político do ponto de vista profissional, mas, como todo cidadão, ele é politico no sentido de que é alguém participante da sociedade e que tem todo o direito de se manifestar e exigir que os ditos políticos profissionais se comportem em prol do bem geral da sociedade, e não apenas segundo os interesses particulares de grupos econômicos e políticos.
Jean Jacques Rousseau ja discutia isso no Contrato Social e no Discurso sobre a Origem e o Fundamento da Desigualdade entre os Homens. O importante é buscar o bem de todos e não o bem particular. O bem geral está ligado às coisas fundamentais para as vidas humanas  e o bem particular relacionado aos interesses supérfluos de determinados grupos. Então, as pessoas em geral precisam se alimentar, se abrigar, criar produtiva e culturalmente, procriar,  cuidar da saúde, conviver solidariamente etc. Para isso é necessário um exercício político que ouça todos e direcione as arrecadações fiscais para prioritariamente garantir os direitos naturais e sociais de todos e de cada um. Mas ter muitos imóveis, se alimentar desmesuradamente, usufruir da cultura enquanto privilégio, educar seus filhos de maneira especial e segregacionista, só pode ser conquistado negando direitos, explorando o trabalho formal e o informal e direcionando verbas públicas para desejos particulares.
Então, modificar comportamentos pessoais no exercício profissional da política será fundamental para criar uma nova sociedade construída em bases democráticas.  e isso dependerá de se rever as bases de nossos pensamentos e ações, em que medida pensamos primeiro em nós e no nosso grupo e em que medida nossas escolhas atingem o geral da sociedade. Para isso todos têm que se manifestar, seja nas praças e nas infovias ou nas comunicações com o poder público, mas principalmente nas eleições, de maneira consciente e exigente.

martedì 29 gennaio 2013

Meditação

Um exercício interessante para meditação...


http://www.youtube.com/watch?v=42fnTCk9vBY

Também é interessante praticar a meditação na perspectiva de Laurence Freeman, a meditação cristã, emitindo o mantra ma-ra-na-tha.

sabato 12 gennaio 2013

A doença das emoções

Ouvindo uma palestra da Dra. Monica de Medeiros, espiritualista da Casa do Consolador em São Paulo, fiquei interessada num tema abordado por ela sobre a doença das emoções. Suas palestras podem ser encontradas no sítio http://www.casadoconsolador.com.br/
Ela conta que ao entrar em contato com um ser extradimensional expressou o desejo de trabalhar com cura, ao que o ser contatado respondeu que primeiro ela precisaria se autocurar. Ela estranhou pois não identificava nenhum problema específico de saúde. Então o ser extradimensional explicou que os seres humanos são portadores de doenças das emoções.
E lembrando de inúmeras palestras e livros lidos na área do espiritualismo, sempre é indicado o forte componente mental na produção das doenças adquiridas na presente vida e na ativação das doenças de caráter kármico. Emmanuel cita que a quase totalidade das doenças é de origem mental. André Luiz descreve minuciosamente, em sua obra psicografada por Chico Xavier, a complexidade das relações entre atividade mental, emoções e doenças. A atividade mental mobiliza um sem número de movimentos corporais e psicológicos, predeterminando o funcionamento geral da nossa vida terrena e extraterrena.
Como sou extremamente autorreferente, identifico nos meus ataques de fúria, primeiro uma ideia persistente que acaba me encaminhando para uma discussão, finalizada sempre pela minha violência verbal, desequilíbrio emocional total, afastamento das pessoas, choro, silêncio, reflexão, arrependimento, oração e retorno paulatino ao contato e conversa com os outros. Depois de um tempo exponho verbalmente o reconhecimento da minha ignorância e descontrole e assim vai. Só aguenta me acompanhar na vida quem tem grande paciência ou um espírito de generosidade extrema. No dia seguinte aparece uma bolhinha de herpes labial que, dependendo da instalação ou não de um desânimo, pode desaparecer ou não. Quando me recupero com otimismo, autoperdão e proatividade, ela desaparece quase instantaneamente. Quando eu persisto num baixo astral, autorrecriminação, desalento e revolta, aí ela se desenvolve e perdura até por uma semana.
Eu observo esse movimento das manifestações do estado doentio entre minha atividade mental e os reflexos nas emoções e na saúde física, há muitos anos. E com certeza, já melhorei mil por cento, apesar de ainda estar anos luz do que almejo como equilíbrio pessoal.
No momento em que as ideias começam a compor o conteúdo da minha atividade mental, eu tenho me esforçado por identificar a sua origem. Na maioria das vezes eu percebo que o caráter das ideias é relacionado à concepções de vida que eu considero apropriadas para a "Marcia velha, ultrapassada", aquela que me esforço por superar. Elas sempre são atreladas a fundamentos egoísticos, presos a paradigmas de orgulho, vaidade, amor próprio exacerbado e muito distantes do universalismo cristão que profiro e pelo qual desejo encaminhar minha existência.
Seria muito fácil atribuir a origem de tais ideias a outros seres não visíveis para mim, os chamados obsessores, mas eu tenho conhecimento o suficiente para saber que nenhum ser se avizinha e tem o poder de influenciar minhas ideias caso eu já não as tenha em mim.
A opção de cultivar essas ou aquelas ideias tem a consequência de gerar estados emocionais que terminam por criar campo eletromagnético doentio ou saudável para o ser integral, com reverberações no campo físico e no campo espiritual. Numa concepção holística do ser humano, temos que considerar todos os corpos e sua simultaneidade em várias dimensões.
Se não controlarmos o caráter de nossas ideias estaremos deliberadamente deixando nossas emoções vinculadas a um psiquismo primitivo e de reações não reflexivas. Tal como um animal acuado, gritamos, gesticulamos e afrontamos, como numa demarcação de território e preservação de poder e supremacia. Tais reações foram interessantes para a sobrevivência da espécie e para o desenvolvimento de nossa individualidade, mas para nossa transcendência evolucional, já não servem mais.
Sem controle das emoções, sem uma reflexão séria de suas origens e de como modificá-las, é impossível se pensar em saúde integral.
Para tanto a autoconsciência, o famoso "conhece-te a ti mesmo" socrático, ainda é o único caminho de autocura.

venerdì 11 gennaio 2013

Corrupção, um problema atávico radicado, entre outros âmbitos, na alma

Eu penso que toda grande corrupção inicia na pequena corrupção.
Os jornais televisivos, bem como os programas de entrevistas de caráter político, incidem majoritariamente sobre imbrogli, as façanhas, o mau caratismo dos políticos. E a corrupção tem sido um mote muito frequente, seja no que se refere às ações, às práticas entre o setor econômico e a política, bem como à indivíduos isolados que se locupletam do erário público.
Eu acabei de reassistir no youtube a novela Vale Tudo, exibida originalmente pela Globo entre 1988 e 1989. Estávamos entre o final do primeiro governo civil de eleição indireta e o início da primeira eleição direta para presidente da república do Brasil. A novela escrita por Gilberto Braga entre outros, incidia fundamentalmente sobre o tema das corrupções em geral, da dona de casa que trocava a etiqueta do preço no supermercado, até o político em conchavo com empresas de grande porte em época de eleições. Um elemento interessante é que todos os eventos corruptos se davam em torno do desejo de amealhar grana ou diminuir os gastos. O gostinho de ser mais esperto, de levar vantagem em tudo, de deter um poder exercido na surdina, de estar por cima, ficou bem expresso na cena final, na qual o personagem Marco Aurélio "dá uma banana" para o Brasil fugindo num jatinho, impune ele de suas falcatruas públicas e privadas e sua esposa de um assassinato. Em contraponto, o personagem Ivan, envolvido na corrupção de um funcionário público, se entrega para a justiça e vai ao cárcere, dando uma mensagem de que não importa quem faça a corrupção a punição deve ser aplicada, o que é eloquente, afinal ele era o bom moço da história.
Reassistindo a novela é que eu pensei na frase inicial do texto. Na época  original da apresentação da novela eu habitava com o pai dos meus filhos, um ativo militante de partido político, e as conversas em casa eram candentes acerca das corrupções engendradas pela classe política na sua função de manutenção da superestrutura justificadora da infraestrutura econômica desigual e exploradora. Os poderes judiciário, legislativo e executivo, todos mancomunados com a burguesia econômica. Nesse caldo de emoções fortes, as discussões se davam em todas as oportunidades, e, assim como hoje na Itália, em época de eleições, as pessoas dirigiam suas revoltas particulares e públicas para a classe política. E recordo que estando na feira do José Menino, bairro da orla de Santos na divisa com São Vicente, eu conversava com uma feirante de frutas que "descascava o pepino" da politicagem. E aí eu perguntei a ela o que faria se fosse eleita para um cargo político, e ela sem titubear me respondeu que arrumaria primeiro sua família com empregos e vantagens e, depois, agiria em prol do povo. Ela não titubeou porque não percebia que seu ato seria tão corrupto quanto o dos políticos por ela agredidos verbalmente. Para ela nepotismo não era corrupção, era cuidar dos seus. Há um esquecimento ou uma inconsciência de que todo ato é político, independente do exercício do poder efetivo na política oficial.
Meu ex-companheiro foi empossado num cargo público acessado por concurso, e daí em diante muitos amigos e parentes o procuravam pedindo empregos, ao que ele sempre negou. Essas pessoas eram boas, aparentemente honestas, e não se observavam na condição de corruptas, ao mesmo tempo diziam que meu ex-companheiro era alguém que havia "subido na vida" e não oportunizara benefícios para a família. Como se fosse um caso de ingratidão e não de correção de caráter.
Há uma miopia social acerca das questões morais nos entremeios dos âmbitos particulares e públicos. Penso que é muito próprio das culturas latinas, onde não há vergonha nenhuma em se praticar pequenos atos que aparentemente não atingem os patamares da grande corrupção. Então, a Mafia, a 'Ndrangheta, a Cosa Nostra e suas relações com os poderes políticos, são corruptas, mas o indivíduo que não exige e não dá nota fiscal, é correto. Não vejo diferença do comportamento do cidadão brasileiro em relação ao cidadão italiano.
Poderia se pensar numa questão cultural de fixação e perpetuação das práticas corruptas nas relações entre os sistemas político, econômico e social do Império Romano, até os vínculos atuais do capital internacional com os países e suas políticas públicas. Raimundo Faoro descreve bem suas raízes brasileiras no livro Os Donos do Poder.
Também é possível incursionar por uma reflexão de caráter moral onde práticas milenares estão atavicamente entranhadas nos sistemas de relações públicas e privadas, principalmente porque não há relevante trabalho filosófico acerca de tais questões no âmbito da educação na Itália. Aliás, nesse quesito o Brasil está muito adiante com a Filosofia como disciplina oficial no Ensino Médio e já um avançado trabalho de relevância de Filosofia para Crianças no Ensino Fundamental. Já há algumas décadas que a crise ética é tema de livros, debates, em escala mundial, mas nos casos específicos que cito, as mudanças mais relevantes são a da exposição midiática dos fatos, mas ainda com pouca repercussão na mudança das atitudes e punições, como é o caso dos políticos notórios no Brasil e na Itália. Tal como na novela do Gilberto Braga, pequenas corrupções dão cadeia, as grandes ficam nas mãos dos famigerados escritórios de advocacia e os recursos infindáveis, além de CPIs que acabam em pizza. Aqui loas ao Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa que faz um trabalho de fôlego no Brasil contra as impunidades no âmbito da política.
A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva indica entre os vários níveis de aprofundamento das características de comportamento sociopata, aquele das pessoas que praticam pequenos golpes e corrupções afetando vítimas individuais e instituições públicas, de velhinhos nas filas de bancos até desvio de verbas públicas de hospitais. Todo aquele que se locupleta do outro sem remorso, sabendo que faz algo errado, sobrevalendo seus interesses pessoais aos interesses do coletivo, seria um portador de comportamento sociopata, ainda que leve. Há uma possibilidade de orientar esses indivíduos para evitar o exercício do comportamento sociopata leve com uma educação firme na família e na escola, bem como um constante trabalho de reflexão e conscientização, além, é claro, da punição efetiva, especialmente no que se refere ao exercício judiciário. Uma sociedade forte em valores e práticas ético-morais de respeito ao indivíduo e às instituições públicas, inibe a ação sociopata.
Assim, se pensar como a Dra. Ana Beatriz Barbosa, há uma característica própria do indivíduo que pratica a corrupção, seja a grande, seja a pequena.
Eu como espiritualista, penso que, além das questões antropológicas, culturais e políticas que dirigem nossas ações interpessoais e com as instituições, há também nossos vícios particulares praticados em vidas infindáveis. Em muitas romagens terrenas e extraterrenas, pautamos nossas relações com os outros indivíduos em ideários individualistas, egoístas e de exercício de poder. Algo que em cada um de nós se manifesta.
Aquilo que está radicado na alma só pode ser transcendido quando novas experiências humanas e novas reflexões se apresentarem.
Daí que a corrupção não é questão da política de carreira, mas da política cotidiana das nossas relações conosco mesmos e com as pessoas com as quais nos vinculamos em situações particulares e públicas. Muitos debates televisivos, muita ação reflexiva nas escolas, muito cuidado familiar, muitos movimentos sociais civis; ou seja, uma ação pública constante. Mas, especialmente, uma ação pessoal de caráter íntimo e incomunicável, que se dê na autoobservação das origens e fundamentações de nossos próprios atos particulares e cotidianos, para que possamos erradicar de nossa alma os resquícios das práticas corruptas. Como pensava Pestalozzi, educado o homem em sua própria intimidade, transformar-se-á a sociedade.

giovedì 10 gennaio 2013

Um som para a paz interior



Um som para abrir as janelas da alma para a paz... Deep Forest, Pé de Flor, de Carlos Brandao e Flavio Dell'isolla



Manoel de Barros e a simplicidade

O João de Barro é um passarinho e o Manoel de Barros é a voz divina e inefável na fala prosaica do matuto, como disse Rochele, minha ex-aluna e amiga pra sempre. A poesia de Manoel de Barros é para ser lida com o gozo infantil de mergulhar os pés num riacho, de rabiscar cores num papel qualquer, de seguir longamente os passos de uma formiga pelo tapete da sala.
Meu eterno amigo João Vieira, professor, entre outras infinitas coisas, de Lógica, sempre repetia que toda solução simples é falaciosa. E penso que as incursões pela vida acadêmica me deram muitos instrumentos de criação de uma realidade como se tudo fosse passível de ser rearranjado de maneira segura e apropriada, tudo muito regulado pela razão e a ciência. As soluções da racionalidade científica são falaciosas porque nos impõem um roteiro metódico de fácil condução mas que pouco agrega em termos de segurança para os dramas humanos e para a pacificação do coração quando a noite cai. A poesia e o cotidiano prosaico podem ser mãos a nos guiar para além das certezas racionais.
E daí que minha tentativa é de refletir sobre a escancarada simplicidade das coisas e pessoas prosaicas, sempre desprezadas na grandiosidade dos temas metafísicos e do cotidiano imponente dos grandes problemas estruturais da humanidade contemporânea, como o cu da formiga citado num poema de Barros, assim como minha vó Cici, mulher do campo e da periferia da vida. Coisas e pessoas inexistentes pela sua aparente desnecessidade no imaginário humano superior.
Eu sempre tive uma atração irresistível pelos cenários e pessoas simples porque sentia, a partir deles, um chamamento de significados que me aprumavam em prol de minhas mais profundas necessidades espirituais e materiais, tudo num desenho único.
Minha vó, já decantada num texto do ano passado, sempre foi uma referência constante em minha vida, e, aos 21 anos, fui para seu local de nascimento e vida até pouco mais de 30 anos, em Minas Gerais. Minha tentativa era de resgatar raízes que não eram apenas óbvias e determinadas mas muito mais de escolhas e autodeterminações. Ali encontrei um paradigma de vida que hoje, em revisitações, se perdeu em termos de organização prática de vida, tudo num modelão globalizado, mas que, do ponto de vista humano, se mantém, em relações mais vivazes e olho no olho.
Aquela coisa de sentar à mesa em torno de um café doce, um pão com queijo, falando de tudo e de nada, coisas da vida, do sentimento e dos sonhos perdidos e redimensionados, era um alimento que me preenchia do gozo barroco do estômago ao céu.
Participando do fã clube Minha Estrela, de puras loas ao Flávio Venturini, revivi em Minas Gerais meus tempos de enlevo emocional ao som dos clássicos do Clube da Esquina e do 14 Bis, do rock progressivo e rural de O Terço. Ali encontrei amigos baianos, cariocas, mineiros e paulistas que partilharam momentos a partir das letras simples e diretas, ou ainda cifradas e complexas,tudo numa construção de cenários de cores e sons que abriam portas de percepção, fazendo das coisas simples da vida uma coisa muito além, sem ter que submeter os atos a situações heroicas e extremas.
Hoje, aqui na Itália, nos domingos em que me embrenho com meu companheiro pelas vielas e caminhos rústicos, pelas trilhas de bosques, parando para observar rochas, plantas, pequenos e quase invisíveis animais, bebendo água fresca e gelada em grotões, no silêncio das palavras sob o som dos passos e a música das árvores, vivo simultaneamente, aqui, e nas Minas Gerais das minhas lembranças e as ruas do Morro da Nova Cintra, em Santos, onde fui criada. Longe da urbanidade modernosa e dos compromissos importantes das vidas agitadas, ouço ecos de um ser que se esforça por se manifestar como eu mesma.
Claro que não sou um vetor retilíneo na impulsão do móvel de minhas realizações, mas propriamente sigo circunvoluções que, como na estética do filme 21 Gramas, dirigido por Alejandro Gonzalez Iñarritu, vou do presente ao futuro e ao passado numa compulsão por incoerências e sobreposições de escolhas que ora são acertadas e logo em seguida são impossíveis de digerir, e na dor e na delícia de se ser o que se é.
Também tenho meus momentos de glorificação da supremacia da inteligência intelectual e da genialidade dos ícones literários, musicais e acadêmicos, mas quando o pano cai e as pessoas e situações são vistas sob uma perspectiva nua e crua, se vê que tudo é demasiado humano e simples, como uma viagem heideggeriana do discurso complexo para a simplicidade do ato que, na sua inefabilidade, revela mais do que se poderia esperar, e que diz mais da essência das pessoas e coisas do que a aparência rebuscada que se faz grandiosa na sua pequenez hedionda.
E é no pequeno, no prosaico, no simples que sinto condições de resgatar um ritmo de vida mais condizente com o significado a ser construído para uma trajetória autêntica, verdadeira, ainda que com recaídas de busca de grandes motivos e aplicação pragmática das horas.
Em verdade, agora, o nada fazer inútil cria ensejos de vôos mentais impossíveis na barafunda da vida útil e progressiva do sucesso contemporâneo.
...
Viva o cu da formiga, viva Cici, viva Manoel de Barros, viva o olhar agudo sobre as coisas e pessoas comuns na simplicidade reveladora do ritmo autêntico da vida.

Mensagem aos ex-alunos


Apesar de já estar afastada da sala de aula desde junho de 2011, tive a grata surpresa de ser informada da homenagem de uma turma de Pedagogia por ocasião de sua formatura agora em 2013. Aqui publico a mensagem que enviei para as ex-alunas mas que, de maneira geral, se estende para todos aqueles alunos de Licenciaturas (Filosofia, Geografia, Letras, Psicologia, Matemática e História) e Cursos Normais/Magistério com os quais convivi de 1986 até 2011:

"Queridas ex-alunas e agora pedagogas, compartilho com vocês a paixão pela educação e o entusiasmo pela possibilidade de contribuir para a humanização de crianças, adolescentes e adultos por meio do aperfeiçoamento da inteligência e da sensibilidade, bem como da partilha dos conhecimentos construídos pela humanidade e da ampliação dos horizontes críticos, nos âmbitos da ciência, da ética e da estética.
Agradeço imensamente a oportunidade de tê-las em minha experiência docente; agradeço a generosidade, a disponibilidade e a paciência com que partilharam aulas, estudos e reflexões.
Vocês alimentam minha esperança inquebrantável no poder da educação e do amor que entrelaça as relações humanas.
Que as Forças Criadoras dos Universos as amparem e acompanhem luminosamente em todos os momentos de suas vidas pessoais e profissionais.
Um doce beijo nos seus doces corações.
marcia heloisa."